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Tom fundou a associação ‘Break The Chains’ em 2020

Ex-soldado inglês resgata animais das zonas de perigo

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

Chama-se Tom e é fundador da associação ‘Break The Chains’. Com a equipa salva animais de zonas bombardeadas da Ucrânia. Em 14 dias resgataram 700 cães e gatos e entregaram mais de 100 toneladas de alimentos e medicamentos a quem precisa nos locais de guerra.

“O que fazemos é muito complexo e muito perigoso. É como uma operação militar, por assim dizer”, disse Tom ao DailyMail.com numa entrevista por telefone da Ucrânia.

Num dos seus resgates mais perigosos, a equipa salvou 120 animais que estavam presos num abrigo em Kharkiv, bombardeado duas vezes, onde ninguém conseguia chegar.

Kharkiv é a segunda maior cidade da Ucrânia que foi destruída pela Rússia.

“Estava a 900 metros da linha de frente russa. Os cães ladravam como loucos, tiros de artilharia russa a passar dentro e ao redor da área do abrigo enquanto retirávamos os animais. Um estava a tentar morder-me porque estava apavorado. Os animais estavam todos assustados, mas conseguimos tirar todos”, contou Tom.

Tom e a equipa transportaram os animais numa carrinha de transporte de cães. Mas não só cães foram salvos do abrigo.

“Havia 50 caixas diferentes”, disse. “O dono do abrigo conhece os cães e sabe quais colocar juntos na mesma caixa. Os gatos colocamos três ou quatro na mesma caixa. Assim que a carrinha começa a andar, todos adormecem”, relatou.

“Foi engraçado porque quando estávamos na estrada alguns gatos escaparam de uma caixa e acabaram a dormir ao nosso lado. Tínhamos um gato ao volante e dois sentados nos nossos ombros.”, revelou o inglês.

Os animais são levados para um ‘espaço seguro’ para serem examinados, recebem água, são limpos e transportados para a fronteira da Roménia, onde são colocados em abrigos.

Quem é este salvador de animais?

Tom é um veterano de guerra e sofre com PTSD – stress traumático pós guerra. Talvez esse tenha sido o factor que o fez ‘virar-se’ para o mundo animal em 2020, quando criou a associação Break The Chains, já que tinha no seu cão a maior ajuda na luta contra o PTSD.

O ex-soldado inglês de 34 anos é de Yorkshire, norte da Inglaterra, e anda desde o primeiro minuto da invasão russa à Ucrânia, na linha de frente no que toca ao resgate de animais de abrigos e jardins zoológicos atingidos por bombas ou em carência de apoio imediato.

O veterano esteve no exército britânico 16 anos e deixou as Forças Armadas há dois, mas admite que tentar cumprir tal missão como civil ainda é “muito complexo e perigoso”.

“Esta é uma guerra, não é um desastre natural como um furacão ou um tornado. Há tantos fatores que precisamos estar cientes. Precisamos entender a situação. Precisamos entender o terreno. Estamos a trabalhar com mapas, satélites”, disse ao jornal inglês.

“Há pessoas a pedir ajuda por todo o lado. Não são apenas os animais de abrigo que precisam de nossa ajuda, temos resgates, criadores, pessoas que acolhem animais vadios e abandonados, deve haver pelo menos mil locais com mais de 30 cães. Há milhares deles.”

Como ex-soldado Tom considera-se um especialista quando se trata de trabalhar em zonas de conflito.

“Entrei para o exército aos 16 anos. Então, dos 16 até há dois anos estive condicionado pela guerra”, disse, adiantando: “Servi na infantaria, no Iraque e Afeganistão. Por isso é que sei proteger-me em zonas de conflito”, concluiu.

Em 2020, Tom fundou o Breaking the Chains, um grupo de resgate destinado a ajudar animais  em todo o mundo, especialmente cães que ele acredita ter-lhe salvo a vida mais de uma vez.

“Sempre amei os animais. Cresci com animais, tive-os quando criança e tenho agora. Trabalhei ao lado deles nas forças armadas e eles salvaram minha vida mais vezes do que posso contar, tanto física quanto mentalmente”, disse Tom.

“Quando fui dispensado do exército britânico com TEPT complexo, estava numa situação muito má, então adotei um cão que também estava  numa situação má e juntos temo-nos ajudado um ao outro. Foi isso que me fez realmente entender o poder dos animais”.

Em Inglaterra, Tom tem cinco cães, incluindo Gypsy, o cão dedicado que adotou durante a guerra contra o transtorno de stresse pós-traumático.

“A Cigana ainda está comigo. Ele é uma Springer Spaniel cega. Ela é uma veterana”, remata.

Resgates atrás de resgates. Tom não para, nem para descansar.

Outro resgate envolveu a entrega de alimentos e medicamentos para quatro abrigos na capital ucraniana de Kiev, e o resgate de 50 cães que foram deixados para trás pelos donos após a evacuação.

O canil de cães era de raças grandes, todos feridos e a precisar de atenção veterinária.

“O grande desafio que temos é com os abrigos, porque eles têm entre 500 e 600 animais. No momento, o máximo que podemos recuperar é cerca de 100 cães e gatos”, explicou Tom.

“O ideal era termos mais três veículos, dois de transporte e uma pick-up quatro por quatro. Assim poderíamos ter mais equipes no terreno. Isso dava tempo para salvar mais animais de outros lugares e entregar mais comida e medicamentos”, esclareceu.

Tom quer ir além dos resgates e deslocalização dos animais da Ucrânia.

A Breaking the Chains uniu-se ao resgate de animais do Reino Unido, Dog Bus Rescue, e juntos vão construir um abrigo na Romênia para cerca de 1.200 animais.

“O abrigo vai ser lindo, com muito espaço ao ar livre e um interior aquecido. Uma vez lá, os cães serão examinados, vacinados e colocados em quarentena antes de irem para outros abrigos da Europa, onde serão adotados para sempre.”, sublinhou o amante de animais inglês.

Quem quiser ajudar nesta obra como voluntário devem entrar em contato direto com o Dog Bus Rescue para vir à Romênia e ajudar a construir o abrigo.

Os donativos para Breaking the Chains podem ser feitos por todos que quiserem ajudar a este nobre causa. Basta clicar no link em baixo:

https://warpaws.org/donations/aid-for-ukraine-animals/ 

Créditos Imagem:

@reprodução Redes Sociais de @Breaking the Chains

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