Prémio Nobel da Paz 1991 foi condenada a quatro anos de prisão. E arrisca a pena de 116 anos de cadeia caso outros crimes de que é acusada sejam provados num tribunal de militares que lhe usurparam o poder.
Aung San Suu Kyi, de 72 anos, enfrenta 12 acusações que vão de ter walkie-talkies em casa até corrupção. Dez meses depois do golpe militar que usurpou o poder à antiga líder birmanesa foi hoje conhecido o primeiro veredicto.
Quatro anos de prisão por incitar à agitação popular e violar regulamentos sanitários da covid-19. Porém, acusam-na de outros tantos crimes, cerca de uma dúzia onde se incluem corrupção e fraude eleitoral, dos quais, se for condenada, poderá ficar com uma pena de 116 anos de prisão.
Sobre essas acusações ainda não há sentença. Se for condenada por todos os crimes de que é acusada, a ex-líder birmanesa, de 76 anos, arrisca uma pena de 116 anos de prisão.
Com os militares no poder, depois de terem derrubado a liderança civil de Myanmar (antiga Birmânia), a primeira acusação contra a ex primeira-ministra Aung San Suu Kyi era a de violação das leis de importação e exportação devido à presença de walkie-talkies na sua casa.
Um crime punível com quatro anos de prisão.
Quem está a decidir e a julgar a Prémio Nobel da Paz é um tribunal da Junta Militar que a condenou a quatro anos de prisão, por incitar à agitação popular e violar regulamentos sanitários da covid-19, disse fonte da junta militar.
Aung San Suu Kyi “foi condenada a dois anos de prisão ao abrigo da secção 505(b) e a dois anos de prisão ao abrigo da Lei sobre Desastres Naturais”, disse um porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, à AFP.
O antigo Presidente Win Myint foi condenado à mesma pena, acrescentou, precisando que, para já, os dois ex-governantes não darão entrada na prisão. “Eles ainda têm de responder a outras acusações, a partir dos locais onde se encontram atualmente”, disse.
Porta fechada
Ninguém pode assistir aos julgamentos da líder birmanesa deposta que tem sido feitos à porta fechada, sem jornalistas, e com os advogados da antiga líder proibidos de falar com a imprensa.
Suu Kyi e o ex-presidente Win Myint foram acusados de mais crimes de corrupção, relacionados com o mau uso de um helicóptero alugado para situações de gestão de desastres naturais. Arriscam 15 anos de prisão por este crime. Suu Kyi espera o veredicto do processo de “incitação contra os militares”, um crime com uma pena até três anos de prisão.
Outra sentença que se espera é referente à violação das restrições impostas pela pandemia de covid-19 durante as eleições de novembro de 2020 – que o seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND), venceu.
Um crime com pena de seis meses de prisão ou multa.
Fraude eleitoral?
A vitória expressiva da LND nas eleições desencadeou o golpe militar, numa altura em que o novo Parlamento se preparava para assumir funções. A Comissão Eleitoral disse não haver provas que apoiassem a acusação de fraude. A 16 de novembro foi formalmente acusada de “fraude eleitoral e ações sem lei”.
Mas a comissão militar acusa-a de muitos mais crimes como de abuso de poder quando estava no governo, quatro acusações de corrupção relacionadas com a posse de terras por parte da fundação com o nome da mãe, Khin Kyi, e ainda que terá aceitado subornos em troca de favores empresariais.
Suu Kyi garante que todas as acusações que lhe estão a imputar são por motivos políticos.