Nascida em 1940, Annie Ernaux viveu até aos 18 anos na cafeteria “suja, feia” dos pais, em Yvetot, na Normandia (norte de França), ambiente do qual saiu graças a um mestrado em Literatura Moderna.
Entre as obras mais conhecidas estão “O Acontecimento” (2000), “Os Anos” (2008) e “Les Armoires Vides” (1974).
Nesse romance de tom áspero e violento, a protagonista descreve os dois mundos incompatíveis em que vive na adolescência: por um lado, o da ignorância, grosseria dos clientes bêbados do café, da pequenez dos pais; por outro, o “da facilidade, da leveza das meninas” das classes mais abastadas com quem convive na escola.
“O Acontecimento” conta o drama de um aborto clandestino que ela fez em 1963 e foi transformado em filme no ano passado. O seu estilo seco e sem lirismo tem sido objeto de estudo, e chamado de “autobiografia impessoal”.
Uma de suas referências é a feminista Simone de Beauvoir, de quem ela segue a atenção cuidadosa aos detalhes que marcam sua vida.
“A vergonha” (1997) é sobre a perda da virgindade; o fracasso de seu casamento é tema de “Uma mulher congelada” (1981); e a experiência do câncer de mama está em “L’usage de la photo” (2005). Em “Uma paixão simples” (1992), descreve de maneira crua a alienação do amor.
Com sua prosa cristalina, Annie Ernaux estava entre os nomes favoritos nos círculos literários, mas ela considera o prêmio uma “surpresa”.
“A sua obra carece de concessões e está escrita numa linguagem simples, limpa”, disse o académico Anders Olsson ao apresentar o trabalho da vencedora do Prémio Nobel.
O último livro, “Le jeune homme”, foi lançado em maio pela Gallimard, a sua editora durante toda a carreira.