Mudam-se os tempos… mudam-se os instrumentos com que os tempos se registam.
Quando aprendi a escrever, no final dos anos 30, aquilo de que dispunha qualquer aluno aplicado, era uma ardósia – ou lousa – e, um lápis de pedra, mais a esponja para apagar;
E, se o fizesse numa folha de papel, usava um lápis de madeira com a sua ponta de carvão e o respetivo aparador para a manter afiada;
E, por fim, a caneta! Com a sua pega envernizada e os aparos metálicos de pôr e tirar, acompanhada do necessário tinteiro, para o ir molhando enquanto a escrita corria… já não se usava então a pena de pato;
Com esta estranha parafernália se aprendia a escrever, e bem, cada vez mais se esmerando a letra para que bem percebesse quem teria de a ler; a tinta era azul ou negra.
Vieram depois as canetas de tinta permanente;
Permanentes não eram realmente, porque para as manter escrevendo, tinha de mudar-se quando necessário, o tubo de tinta suplementar, contido no seu interior;
Essas canetas em breve se tornaram objetos de culto e até de luxo, distinguindo quem as usava; e, a tinta, essa mudou de cor para tons claros e variados, á vontade do escritor.
Mais uma vez fiz sorrir quem com estas coisas não lidou, ou talvez chorar, quem as recorda com saudade.
A lousa do meu tempo foi substituída pelo ‘tablet’ e a caneta de aparo pelo teclado; aquilo que se decorava e sabia, criando cultura interior, está agora tudo na internet ,tornando sábio quem o não é, ainda que seja por um minuto.
Como dizia a minha avozinha, não há dúvida que atrás de tempos, tempos vêm…
E aqui esta o meu pensamento da semana:
A caneta com que escrevo, é obediente e fiel. Todavia, se ela pensasse, estou certo que emendaria muita coisa do que penso e do que dito…
Venha ao “Canto” que é do velho, para o ler o próximo.
F88