Os grandes edifícios de serviços ou institucionais da modernidade tem um conjunto de características que os mimetizam, independentemente da conceção estética do arquiteto ou gabinete de arquitetura que assina o respetivo projeto.
Como se desenvolvem em altura por vários andares, alguns com a pretensão até de arranharem os céus, claro que necessitam de estruturas que icem as pessoas do rés do chão às alturas, ou as façam descer até aos andares inferiores, onde normalmente se estacionam os carros em labirínticos parques. Quem nunca se esquecem do lugar onde estacionou o carro que ponha o dedo no ar.
Os elevadores foram das primeiras invenções a desempenharem essas funções nos interiores dos prédios, mas não só. Veja-se o caso da Lisboa que é servida por vários de modo a alisarem as colinas da glória, da bica ou de santa justa.
A imaginação humana é fértil e a criação está na génese do desenvolvimento. A par dos elevadores, vieram depois as escadas rolantes com o mesmo propósito, mas com uma diferença fundamental.
Não somos emparedados numa caixa, antes podemos observar a paisagem circundante sem as fobias da clausura, salvo para aqueles que lhes têm igualmente verdadeiro horror e se recusam a pôr lá um pé que seja, preferindo a alternativa das escadas normais, o que às vezes é um verdadeiro suplício.
Seguiram-se os tapetes rolantes, já não com a função do sobe e desce, mas destinados a tornarem mais curtos e menos morosas as distâncias nos edifícios de grandes proporções como são os aeroportos das grandes capitais em que são contados em quilómetros os espaços que medeiam a porta de embarque no avião e a entrada nas aerogares.
Já as portam giratórias cumprem outra função, que é mais controle e segurança, garantindo-se a cadência da entrada, a respetiva autorização de acesso, e se for caso, trancar a pessoa que seja identificada como putativo delinquente, malfeitor ou criminoso.
Na metáfora da sociedade, os elevadores, as escadas e tapetes rolantes e as portas giratórias aplica-se na perfeição aos vários tipos de pessoas que desfavorecidos à partida sobem na vida mercê do estudo, do talento, do trabalho, do mérito ou de favores. É o chamado elevador social a funcionar, às vezes emperra, mas que tem permitido ao povo ascender de servos da gleba d’antanho às mais altas esferas do saber e do conhecimento.
Se a passadeira representa todos aqueles que se apressam na vida sem que nos apercebamos a razão porque são maiores os seus passos e chegam ao destino antes dos demais, já as escadas rolantes nos remetem para os que parecendo parados sempre se movem ora para cima ora para baixo, enquanto as portas giratórias nos fazem lembrar os que entram e saem sem nunca se que quedarem no mesmo sitio, umas vezes subindo e outras descendo na existência.
Independentemente do modo como funcionam estes mecanismos, o meu contentamento maior são as estatísticas a evidenciarem a cada ano que passa que temos a geração de portugueses mais qualificada de sempre.