Tenho por mim que não há melhor lição do que ver in loco, palpar, para bem aprender.
Para tal é preciso viajar, é necessário lá estar, é preciso respirar a história passada e a presente, para captar o pormenor que escapa à leitura, ou até à visualização disponível, da presente modernidade.
Ver as coisas, podendo com elas conviver , é ter para além da imagem, o som, o cheiro, o ambiente, até o peso do ar que se respira, que embora passe despercebido, também faz parte do quadro, daquilo que nos fica.
No meu tempo viajar era para bem poucos. As companhias aéreas começavam a mostrar o mundo ao Mundo, mas as passagens, ou o seu custo, bem fora ficavam do alcance, feito sonho, de quase toda a gente.
Mas mesmo para esses poucos felizardos que o conseguiam fazer, tal só acontecia bem depois de muita e dura poupança. Era a Viagem dos seus sonhos, e por tal dirigida a tudo aquilo que tinham ambicionado ver, escolhido e programada ao pormenor, para bem aproveitar o tempo disponível, e não ultrapassar o orçamento, ambos escassos.
Da viagem resultava o coração cheio, uma saudade antecipada, e um álbum de fotografias, com talões de entrada nos locais mais desejados, pormenores inconcebíveis, e uma ou outra nota manuscrita, para mais tarde recordar.
Quando de regresso se chegava, não raro era ter de ir trabalhar logo no dia seguinte, retomando uma rotina, que poderia não voltar a oferecer, outra viagem assim.
Era assim naquele tempo, não hoje.
Viajar de avião está ao alcance de quase todos, e conhecer Mundo também. E há quem o faça até com saída na sexta à noite e chegada na madrugada de segunda. O álbum de viagem já não existe, mas a fotografia, tirada junto do icónico monumento do destino, essa, sem falta tinha sido postada na rede social respectiva, com breves palavras de atenção: Estamos aqui!
As longas e interessadas visitas ao que de pessoal o país tenha, viver o seu povo e o seu percurso, a busca do insólito, já não são tão comuns, tal como a história e o seu detalhe, já não primordiais, porque o Google conta …dizem.
Na lista, no entanto, ainda se mantém a ida a um espectáculo, não com base no tema ou no autor, como antigamente, mas na presença do ídolo do momento, aquele que mais chame a atenção.
Novos hábitos, porque o tempo não é estático, com menos ou diferentes desejos e intenções…ou sensações.
Mas viajar continua a ser a mais completa forma de com conhecer o Mundo que nos cerca, quando se procura o pulsar das coisas e o sentir das gentes.
E basta que o próprio o queira e faça.
O meu pensamento sobre o assunto:
“Viajar e é ver, estar…e fazer parte”