Dizia a minha avozinha, que gostava de lembrar aos outros coisas antigas, que no seu tempo, e no que dizia respeito à duração da Terra, o povo afirmava muito convicto: “A Mil chegarás, mas de dois Mil não passarás…”
Previsões como esta, necessariamente ingénuas, o próprio Tempo, a seu tempo se encarregou de desmentir. A que por acaso hoje aqui lembro, era tão conhecida e tão propalada, que, com ou sem convicção, ainda em 1999, e em plena Europa, se vendiam e compravam uns relógios de cabeceira, que a cada 24 horas tiravam um dia, aqueles que restavam para o tal fim do mundo, à entrada de 2000. Claro que nada aconteceu, a não ser ter ficado seguramente rico, o iluminado inventor da referida maquineta…
O Planeta, esse, continuou a rodar, à velocidade habitual, e não só não acabou, como parece disposto a espantar o Homem com mudanças sobre mudanças, e desafios a seguir a desafios.
E o irrequieto Homem neles participa, preparando-se para deitar de novo o olho a outros planetas da sua galáxia, pelos quais, em boa verdade, sempre nutriu muita curiosidade. Vai voltar à Lua em breve, e não me admiro, que desta vez por lá fique algum tempo, ensaiando a sua adaptação à baixa pressão atmosférica, o que não é impossível, dando assim lugar a um homem lunar, o que digo por graça, já que há muito Ele anda na Lua, pelo menos nas ideias e até nos gestos. Uma vez lá, terá por vista a Terra, para se não esquecer do sítio onde nasceu, mas que nem sempre bem amou.
Sabendo-se que pouco fez para conter a expansão demográfica no planeta que lhe coube, desconfio que está minuciosamente a esquadrinhar Marte, para lá colocar também alguns colonizadores mais afoitos, já que vida, afinal, parece que por aqueles lados, se poderá igualmente ter.
Nada é impossível à ambição humana, e à sua agitada e insaciável cobiça.
E fico a pensar porque será que não usa o Homem da mesma maneira essa energia e o seu entusiasmo, no que parece ainda haver a fazer na Terra, emendando, inovando, e criando, mas primeiro aqui, onde está.
Porque se não transformam com igual empenho os desertos em terra arável, e porque se não limpa já em grande escala o fundo aquático de oceanos e rios, criando vida?
Porque se não alteram de facto, a toda a brida, as formas de estar, que a cada instante nos roubam o ar que se respira?
E não será que nos podemos alimentar de forma diferente, para que a todos caiba poder comer?
Tudo isso estamos a fazer, dirão alguns.
É verdade. Mas, e volto a perguntar: Será que o fazemos da forma cuidada, meticulosa, decidida, entusiástica, com data prevista, como o fazemos para a excursão espacial?
Dizem que perguntar, não ofende…
Mas também sei que há sonhos… e sonhos!
E aqui fica o meu pensamento sobre o assunto:
“Que a Lua e Marte se defendam do que na
Terra não foi bem feito …”