O autor dos crimes era conhecido como uma pessoa muito calma mas com alguns problemas mentais.
Tudo aponta para um surto psicótico condicionado por um stress pós traumáticos ou eventos como a morte da mulher. Nada legitima a prática destes crimes e acredita-se que tenha havido uma espécie de detonador – o telefonema que o afegão recebeu pouco antes dos crimes – talvez ajude a perceber o qe provocou esta tragédia.
De acordo com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o homem tinha vindo de um campo de refugiados da Grécia e a mulher, que acabou por morrer terá sobrevivido a circunstâncias difíceis. “Foi recolocado ao abrigo da cooperação europeia e era um cidadão beneficiário da proteção internacional”.
O agressor, pai de três filhos de nove, sete e quatro anos, vivia na zona de Odivelas. Os filhos estavam na escola. Abdul Bashir não é um desconhecido da comunidade muçulmana e todos os dias passava o dia no centro para aprender português, receber apoio alimentar e aprender a costurar.
O presidente da Associação da Comunidade Afegã em Portugal, Omed Taeri, disse que o viúvo era uma pessoa muito calmae nunca foi alvo de situações que pudessem ser “preocupantes.
José Luís Carneiro explicou que Abdul Bashir “tinha uma vida bastante tranquila”, tendo o ministro destacado que não havia “qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança” especiais.
UMA COMUNIDADE PACÍFICA…
A Comunidade Muçulmana Ismaili em Portugal é constituída por oito mil pessoas, que seguem o Islão, uma das principais religiões monoteístas, cujos fiéis constituem um quarto da população mundial.
Os ismaelitas acreditam em Deus e que o seu mensageiro é Maomé.
“Há duas principais correntes no Islão: o Xiismo (Shia) e o Sunismo (Sunni). De acordo com a doutrina Xiita, onde a Comunidade Ismaili se insere, o profeta Maomé designou o seu primo e genro Ali, como o Imam da Comunidade Muçulmana, estabelecendo assim a instituição do Imamat, a quem conferem a autoridade de liderar a comunidade em assuntos espirituais e seculares”, escrevem de acordo com comunicado sobre o retrato da comunidade divulgado pelos ismailitas.
A comunidade Xiita, minoritária dentro do Islão, foi subdividida ao longo dos tempos, sendo a Comunidade Shia Ismaili a segunda maior dentro dos Xiita. O nome surgiu com Ismail, filho mais velho do Imam Jafar as-Saqid.
O Imam, líder do povo, é designado de forma hereditária desde a morte do profeta Maomé, numa linha de sucessão traçada desde o primeiro Imam Ali até ao príncipe Karim Aga Khan.
A Comunidade Shia Ismaili tem 15 milhões de pessoas que vivem predominantemente no sul da Ásia, na Ásia Central, em África, no Médio Oriente, na Europa, na América do Norte e no Extremo Oriente.
“À semelhança do mundo muçulmano, no seu todo, a comunidade Ismaili representa uma diversidade rica de culturas, línguas, e nacionalidades”, esclarecem no documento.
A Comunidade Ismaili rege-se por uma Constituição, ordenada em 1986 e retificada em Lisboa em 1998, que à semelhança das anteriores, é fundada na aliança espiritual de cada um ao atual Imam, mantendo em simultâneo a aliança que todos os Ismailis devem às entidades nacionais dos países onde são cidadãos.
Aga Khan conta 60 anos como Imam. É fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), que opera em mais de 30 países, principalmente no sul da Ásia, Ásia Central, África Oriental e Ocidental e Médio Oriente, com mais de 80.000 colaboradores.
O orçamento anual da AKDN para atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos é de aproximadamente 900 milhões de dólares.
Em Portugal, a Rede Aga Khan está presente desde 1983.
A Fundação Aga Khan foi oficialmente reconhecida em 1996, por decreto-lei, como uma fundação portuguesa.
A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e a Fundação Aga Khan Portugal, empregam, atualmente, cerca de 100 pessoas.
As atividades da Fundação em Portugal vão desde a investigação à intervenção nas áreas da educação de infância e das respostas à exclusão social e pobreza urbana.