O prémio Nobel da Medicina foi atribuído conjuntamente a David Julius e Ardem Patapoutian, pelo seu trabalho na descoberta dos recetores da temperatura e do toque, anunciou o secretário-geral do Comité Nobel, Thomas Perlmann.
David Julius e Ardem Patapoutian foram os escolhidos “pelas suas descobertas de recetores para a temperatura e toque”, as quais nos “permitem compreender como o calor, o frio e a força mecânica podem iniciar os nossos impulsos nervosos e nos permitem perceber e adaptar ao mundo que nos rodeia”, pode ler-se no Twitter.
“As descobertas revolucionárias [dos dois cientistas] lançaram intensas atividades de investigação que levaram a um rápido aumento da nossa compreensão de como o nosso sistema nervoso sente o calor, o frio e os estímulos mecânicos”, refere o comunicado do Comité Nobel.
“[David Julius e Ardem Patapoutian “identificaram elos críticos em falta na nossa compreensão da complexa interação entre os nossos sentidos e o ambiente”, adianta o comunicado.
Quem são e o que descobriram?
David Julius nasceu em Nova Iorque, em 1955, e é atualmente professor na Universidade da Califórnia.
O cientista norte-americano, que festejou o galardão ao lado da mulher, em casa, recorreu à capsacina, um composto químico e o componente ativo das pimentas que provoca uma sensação de ardor para assim identificar um sensor nas extremidades nervosas da pele que responde ao calor.
Ardem Patapoutian
nasceu em Beirute, no Líbano, em 1967, mas mudou-se durante a juventude para os Estados Unidos e é agora cientista no instituto Scripps Research, em La Jolla, na Califórnia.
O laureado viu a transmissão do prémio ao lado do filho, na cama, mas é o cientista que descobriu uma nova classe de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e nos órgãos internos através de células sensíveis à pressão.
Como resultado destas descobertas, passou a ser possível compreender melhor como o calor, o frio e o toque são processados pelo sistema nervoso, sendo que os canais iónicos identificados são importantes para muitos processos fisiológicos e situações de doença. O conhecimento adquirido está já a ser utilizado no desenvolvimento de tratamentos para uma série de patologias, incluindo dor crónica.
Até às descobertas alcançadas por David Julius e Ardem Patapoutian, a compreensão do funcionamento do sistema nervoso e a interpretação do ambiente à sua volta desconhecia ainda como é que a temperatura e os estímulos mecânicos eram convertidos em impulsos elétricos no sistema nervoso.
A descoberta passou despercebida…
A atribuição do prémio Nobel às descobertas relacionadas com os recetores da temperatura e do toque acabou por passar ao lado da pandemia de covid-19 e dos avanços científicos realizados ao longo do último ano e meio no desenvolvimento das vacinas.
Este é o primeiro dos Nobel a ser anunciado este ano, ao qual se segue, na terça-feira, o da Física e, na quarta-feira, o da Química. Na quinta-feira, dia 07, será atribuído o Nobel da Literatura e na sexta-feira será conhecido o nome do novo Nobel da Paz. O último anúncio será feito no dia 11 de outubro e determinará o vencedor do Nobel da Economia.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte da sua fortuna a pessoas que trabalhem por “um mundo melhor”. O prestígio internacional dos prémios Nobel deve-se, em grande parte, às quantias atribuídas, que atualmente chegam aos dez milhões de coroas suecas (mais de 953.000 euros).