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Quica Melo
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Como me tornei a avó filantropa

Memória de há 11 anos, quando a minha neta Inês tinha 4 anos.
Ontem à saída do colégio
-Vovó tu és uma filantropa?
Olhei para aquele pingente ainda tão novinho,   com um certo ar de espanto.
Ela esperava olhando-me com uns olhos interrogadores, a mãozinha inquieta no meio da minha…
-bem Inês,  não sei se serei bem filantropa!
– ó vó,  mas tu sabes o que é um filantropo?
– é uma pessoa que ajuda os outros e não quer nada em troca, respondi um bocado a medo,  pois não sabia de onde vinha aquele conhecimento todo!!!
Eu só lá para os 12 anos é que ouvi falar em filantropia…
– ó vó,  um filantropo é um amigo!!!
-ahhhh! Sim,  acho que sim!
-O hipopótamo filantropo era amigo de toda a gente. Ajudou os outros animais!
– A Isabel leu-te uma história nova?
-sim!!!  A História do hipopótamo filantropo. E eu disse à Isabel que tu és filantropa!
-e porque é que tu disseste isso?  achas que sou filantropa?
-claro!  Tu compras-me calças,  camisolas e sapatos que eu preciso e tu não compras nada para ti!
– Ahhh!
-vovó vou saltar aqui nestes quadrados.  Espero por ti lá ao fundo.
E eu ali fiquei a olhar para aquela dez réis de gente, que acabara de me chamar filantropa, adjectivo que aprendera numa história e que tão (in ) adequadamente atribuía à sua avó que caminhava devagar,  entre o divertida,  espantada e orgulhosa!
Fora comparada a um hipopótamo!!! E filantropo!
Abençoadas leituras!
Apressei o passo para a ajudar a atravessar a rua,  para muito filantrópicamente lhe ir comprar um bolo e um sumo!

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