O combate às alterações climáticas “é uma maratona e não uma corrida”, avisou hoje, dia 8, Barack Obama, num discurso à margem da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow.
“Preparem-se para uma maratona, não para uma corrida, porque resolver um problema tão grande, tão complexo e tão importante nunca aconteceu de uma só vez”, disse.
O discurso de uma hora, enalteceu os compromissos feitos, mas reconhecendo que ainda não se está “nem perto” de onde era preciso estar. “Apesar do progresso que Paris representou, a maioria dos países não conseguiu cumprir os planos de ação que estabeleceram há seis anos. E as consequências de não se mexerem suficientemente rápido estão a tornar-se mais aparentes”, diz.
O antigo presidente dos Estados Unidos da América reconhece o desvanecimento da cooperação internacional nos últimos anos, em parte devido ao seu sucessor Donald Trump, que fez os EUA saírem do Acordo de Paris, Obama lamentou a falta de ambição e ausência na COP26 da Rússia e da China. E. elogiou os jovens por estarem pelos seus esforços para colocarem pressão nos políticos, encorajando-os a a continuar, por exemplo, a tentar influenciar também as empresas e serem mais ecológicas.
Mas, vincou, “não será suficiente simplesmente mobilizar os convertidos” ou forçar os outros a mudar de opinião com manifestações, protestos ou campanhas nas redes sociais.
Para além dos negacionistas, lembrou, existem “trabalhadores e comunidades que ainda dependem do carvão para a eletricidade e empregos”.
“Para construir as coligações de base alargada necessárias para uma ação arrojada, temos que persuadir as pessoas que não concordam connosco ou são indiferentes ao assunto”, explicou, urgindo os jovens a “canalizar” a raiva e frustração e a continuarem mobilizados. “Fazer com que as pessoas trabalhem juntas a uma escala mundial demora tempo”, admitiu, e “todas as vitórias serão incompletas”.
“Às vezes seremos forçados a contentar-nos com compromissos imperfeitos, porque mesmo que eles não consigam tudo o que queremos, pelo menos eles fazem a causa avançar”, disse.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.