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Duplo F
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“Carilada”

Na Lisboa dos anos 50, plena de relacionamento humano, quando todo o mundo se cumprimentava, e ainda os homens davam o seu lugar às mulheres e aos mais vulneráveis, como regra obrigatória, o prato que reiunava na Capital do País, era então o Bacalhau, se possível comido nos simpáticos restaurantes da Rua dos Correeiros, por sinal liderados por emigrantes Galegos, que trabalhavam que se fartavam.

Tinha eu acabado de chegar da costa do Oceano Índico, onde ao domingo, e quase que invariavelmente, se comia um delicioso caril indiano, mesmo que feito em casa; por tal tentei consegui-lo, mas restaurante Indiano a trabalhar em pleno, não encontrei nessa Lisboa, o que me pareceu estranho, dado que foram precisamente as especiarias que levaram Vasco da Gama à Índia, na busca dum caminho marítimo que as trouxesse mais facilmente  para a velha Europa.

O Caril não era por cá, um prato desejado, e mais do que isso, era até para muitos, desconhecido.

O tal Caril é um molho rico, proveniente de dezenas plantas raras que se não podem transmutar, que servem de base a pratos de carne ou peixe, marisco ou crustáceo, sempre acompanhados de arroz, com sabor e odor único, exótico, picante, e contrariamente ao que se possa pensar, saudável, já que na admirável Índia. e nos países seus vizinhas, essas especiarias, são usadas como excelentes conservantes naturais dos alimentos.

Toda a costa a Oriental Africana, era a região emigratória mais próxima para a população do subcontinente indiano, pelo que, nos países que se estendiam até ao Cabo da Boa Esperança, o Caril, fosse do que fosse, era apetecido e frequente.

Ao Domingo em muitas casas do meu burgo, havia Carilada: ou era de camarão ou de caranguejo, mas podia ser de peixe ou frango. O picante, para acrescentar à base, era o piri-piri, ou outro, ao gosto do freguês, que se se descuidasse na dose, ficava de lágrimas nos olhos, mesmo que tivesse â mão uma cerveja bem gelada…

O modo de fazer o caril é variado, mas a essência é a mesma, desde Gôa a Dili, ou do Paquistão ao Tibete.

E agora já não é prato que falte, nesta Lisboa que era  antiga, com dezenas de restaurantes dedicados à comida Indiana, com o Caril feito à maneira, com todos os condimentos: paparis, nane, ou outros, que se ofereçam no menu. E até aparece o Caril no restaurante do bairro, com o o mesmo nome e o mesmo odor, mas não, claro, com o exacto gosto…

No Cheiro a Lisboa que a canção tanto exalta, já existem especiarias, obrigatoriamente…

Já se pode matar saudades!

O meu pensamento sobre o assunto:

“O Picante pode ser conservante…e até salutar… “

Créditos Imagem:

Louis Hansel, Unsplash Free Photos

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