“Surpreendida pela deturpação do que digo e do meu discurso”, disse a artista em declarações à agência LUSA após a atuação no festival Músicas do Mundo, em Sines.
Bia Ferreira revelou “que dá voz à comunidade LGBTQIA+, contra o racismo e a xenofobia” e afirma que “não esperava esse tipo de retaliação”, a cantora e ativista esclareceu que não responde “por um partido político”, mas apenas e só pela sua “arte” e pela sua “vivência”.
“Só respondo pela minha arte, pelo que falo e pelo que vivo, mas muito me espantou o incómodo das pessoas, me responsabilizando inclusive pela guerra” na Ucrânia, lamentou.
Ao reagir, nas redes sociais, contra as vozes que a criticam por participar na Festa do Avante!, em setembro, a também compositora e multi-instrumentista, quis explicar que é “totalmente contra a guerra” na Ucrânia, mas que também vive num conflito desde que nasceu.
“Quando me posicionei não estava a dizer que não estou nem aí para a guerra, estava a dizer que a Ucrânia está em guerra, que sou totalmente contra a guerra, mas que vivo numa guerra desde que nasci na favela, no Brasil”, explicou a cantora.
Para Bia Ferreira, “acordar com um corpo no beco, com bala de ‘fuzil’ na porta de casa, não é normal para um país que não está em guerra, então estou em guerra desde que nasci” e, por isso, “falo da minha vivência”.
“Se a morte das minhas pessoas no Brasil não incomodam, vou estar aqui para falar por elas. Não posso falar pelo povo ucraniano, enquanto o meu povo está morrendo, embora lute também pela emancipação dessas pessoas, para que a guerra acabe, porque a paz é o que a gente conseguiria pensar, utopicamente, o nosso ideal”, defendeu.