O anúncio afirma que a inscrição dos bordados da Glória do Ribatejo pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) destaca esta manifestação do património cultural imaterial “enquanto reflexo da […] comunidade”, bem como “os processos sociais e culturais nos quais teve origem e se desenvolveu” na contemporaneidade.
A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos tem na sua página das redes sociais um comunicado onde recorda que foi a proponente da candidatura apresentada à DGPC, contando com a colaboração da Universidade de Évora e o apoio da União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho, instituições e associações locais e de toda a população de Glória do Ribatejo.
O presidente do município, Hélder Esménio (PS), revela a “enorme satisfação” para o município, atribuindo grande parte do sucesso da candidatura ao “mérito da tipicidade dos bordados” da comunidade da Glória do Ribatejo e ao envolvimento desta no projeto.
O município tem vindo a desenvolver “várias atividades com o objetivo de divulgar e promover o património histórico e cultural do concelho de Salvaterra de Magos, entre os quais se destacam os bordados da Glória do Ribatejo, procurando desta forma contribuir para a recolha, estudo, promoção e divulgação deste património”.
Na candidatura destacava-se “a produção e uso dos bordados a ponto de cruz de Glória do Ribatejo […] presente no quotidiano da freguesia há várias gerações”, uma “arte popular” que resulta de um “saber-fazer transmitido oralmente e em contexto prático pelas mulheres glorianas”, aplicado, nomeadamente, em peças de vestuário ou roupa de casa, entre outras.
“Por um lado, esta expressão artística e também cultural era o reflexo de uma necessidade prática da mulher gloriana que, com poucos recursos, tentava dar algum requinte à sua indumentária, aplicando os bordados em todas as peças que costurava à mão, mas, por outro lado, permitia assinalar um estatuto ou relação pessoal e social”, afirma a ficha de candidatura.
Essa projeção para o espaço público de “um testemunho de um estatuto pessoal e social do seu portador” tornou estes bordados numa “marca na identidade dos habitantes desta freguesia”, acrescenta.
“A interpretação pública do próprio bordado era, em si mesma, um verdadeiro evento. A simbologia e funcionalidade associadas à aplicação destes bordados confere-lhes características que os diferencia dos outros bordados, sem qualquer expressão comercial ou de ostentação de riqueza, já que estas peças deixam transparecer o rigor e o preceito de quem as borda”, lê-se no documento do município.