SolangeF
Nascida no inverno de 76 fez a escola primária sempre de cabelo curto.
Nunca foi adepta das saias e dos lacinhos e via nas calças de bombazine uma liberdade avassaladora, tanto, que adorava as joelheiras cosidas com cores a condizer!
Acabou o 12.º ano ainda sem a maioridade e depois de um ano sabático a mergulhar em todas as formas artísticas que podia, entrou para o Conservatório de Teatro ainda em modo teen.
Acabou por dividir o palco com grandes nomes do teatro na Cornucópia, entre 1998 e 2003. E mais tarde entrava no meio televisivo num canal que lhe fazia jus à atitude: a radical!
Fez vários diretos (e muitas indiretas!) durante 6 anos (ainda antes de existir acesso ao casamento gay, Facebook ou Tamagochi… (não, Tamagochi já existia!).
Ainda correu o País e ilhas a dar cartas na música, pondo as pistas aos saltos nas suas noites de DJ.
Ganhou vários prémios pela luta pela visibilidade LGBT, tirou o curso de Psicologia Clínica e trabalhou na APAV com vítimas de crime.
Foi mãe, contra todos os estereótipos e preconceitos e desenvolveu a componente de educação pela arte em várias escolas básicas e jardins de infância de Lisboa e Cascais.
Sozinha, viajou até aos EUA e criou a sua empresa de tratamento de piolhos (tema ainda tabu no meio escolar e familiar) a que se seguiram uma dezena de “cópias” dois anos depois.
A par disso está ainda envolvida num programa de cidadania que leva a democracia participativa a escolas de vários concelhos do País.
Atualmente, pergunta-se apenas: como é que se esqueceram tão depressa duma pessoa que tantas portas abriu em Portugal?