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Jack Teixeira, tem 21 anos, já foi detido e aguarda julgamento

Autor da fuga de informações do Pentágono é lusodescendente

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

Quem é Jack Teixeira, o jovem que removeu informações classificadas de defesa dos Estados Unidos e só foi detectado meses depois? Amigos consideram-no muito religioso e doido por armas. Já foi detido e será julgado.

Jack Teixeira, de 21 anos, é membro do ramo de informações da Guarda Aérea Nacional do Massachusetts, EUA, e suspeito de divulgar documentos classificados com implicações internacionais, onde são divulgadas ações de espionagem dos Estados Unidos a aliados e a inimigos e dados sensíveis de serviços secretos militares sobre a guerra na Ucrânia.

Teixeira era um aviador de primeira classe destacado para uma unidade de inteligência da Força Aérea, de acordo com publicações na rede social Facebook da 102.ª Ala de Inteligência com base na Base da Guarda Aérea Nacional de Otis, em Massachusetts.
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Na Guarda Aérea Nacional, o jovem “especialista em sistemas de transporte cibernético”, ou seja, em tecnologias de informação responsável pelas redes de comunicações militares com um nível alto de habilitação de segurança já acedia e garantia a proteção da rede.
O corpo de intervenção militar bloqueou na quinta-feira a rua em frente à casa identificada como pertencente à família de Teixeira.

O jovem será acusado da remoção não autorizada de informações classificadas de defesa dos Estados Unidos, avançou o procurador-geral norte-americano Merrick Garland, na sequência da detenção.

O jovem, lusodescendente sem dupla nacionalidade cujo avô é oriundo de São Miguel, nos Açores. durante meses enviou dezenas de documentos classificados a vários membros de um grupo privado numa rede social, primeiro reproduzidos à mão e depois através de fotografias.

Vários destes membros descrevem-no quase como uma figura paterna  ou como um tio pela relação que estabeleceu com todos eles.

Enquanto estava alistado, Teixeira opôs-se a muitas das prioridades do governo dos Estados Unidos e denunciou os militares “já que eram dirigidos por políticos de elite”.
Porém, o mesmo membro frisou não acreditar que Teixeira divulgou os documentos com o intuito de minar o governo norte-americano ou por uma razão ideológica.

Conforme relata o  The Washington Post,  o grupo em que esses documentos foram compartilhados foi criado durante a pandemia de Covid na rede de mensagens mais popular entre os jovens amantes de videogames. O jornal americano entrou em contato com um desses membros, que confirmou a identidade de Jack Teixeira.

O suposto perpetrador, o mais velho do grupo, estaria há meses a explicar aos demais o significado do jargão militar que aparece nos documentos do Pentágono e chegou mesmo a vangloriar-se de revelar coisas que “o Governo não quer que sejam conhecidas.”

O membro contactado pelo  The Washington Post  confirma que o autor da fuga de informação não enviou nada por engano e que sabia muito bem o que estava a fazer e colaborou com os Serviços de Inteligência dos EUA para o identificar e localizar.

O Washington Post  teve acesso a um vídeo enviado ao grupo alegadamente por Jack Teixeira em que ele está num campo de tiro proferindo insultos racistas e anti-semitas  antes de atirar no alvo.

O mesmo membro diz que Jack se irritava com os outros membros do grupo, já que passava “uma hora por dia a escrever mensagens muito longas nas quais muitas vezes fazia anotações e explicações sobre coisas que nós cidadãos normais não entenderíamos”, irritando-se com o aparente desinteresse dos mais novos, ameaçando parar de enviar documentos.

A principal regra que o alegado autor das fugas de informação impôs aos seus colegas era a  de não publicar os documentos em lado nenhum,  segundo a fonte consultada pelo jornal, que acrescentou que o grupo incluía pessoas de fora dos Estados Unidos, entre outros  países Rússia e Ucrânia .

Em  meados de março, Jack parou de publicar documentos e, um dia antes de se tornar público na imprensa, escreveu ao grupo num estado “frenético” que ” algo  havia acontecido” e que rezou a Deus para que isso não acontecesse.

Quando o caso se tornou público, os membros do grupo pularam para outro servidor para continuarem a falar entre eles, nas quais alegadamente Jack terá confessado sentir-se “confuso e perdido  sobre o que fazer a seguir”.

Por fim, pediu aos restantes membros do grupo que apagassem todos os documentos e todas as mensagens e desaparecessem.

Segundo o “New York Times”, a descrição feita do caso pelo procurador-geral dos EUA indica que o militar Jack Teixeira deverá ser acusado ao abrigo da “Lei de Espionagem” (18 U.S.C. 793).

A lei criminaliza a remoção, retenção e transmissão de documentos classificados que possam ser usados para prejudicar os EUA ou auxiliar um adversário estrangeiro, explica a publicação norte-americana. As penas previstas vão até dez anos de prisão por cada documento divulgado – no caso, e ainda segundo o “New York Times”, o total pode ser superior a 100.

O procurador-geral dos EUA também confirmou a detenção do militar “em ligação à investigação a uma suposta remoção, retenção e transmissão não autorizada de informações classificadas de defesa nacional”.

De acordo com a investigação da publicação norte-americana, o grupo online moderado por Teixeira tinha 20 a 30 membros, a maioria jovens e adolescentes.

O grupo formou-se durante a pandemia e centrava-se sobretudo em conversas sobre armas, memes racistas e videojogos.

Nesta linha, os primeiros documentos a serem divulgados no servidor – centenas de páginas de briefings dos serviços secretos – foram partilhados por um membro que repreendia os outros e defendia a necessidade de prestar atenção aos eventos mundiais.

Os documentos foram divulgados ao longo dos últimos meses num grupo privado online na plataforma Discord, denominado “Thug Shaker Central”.

 

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