Morreu o Papa.
Nada que não se esperasse há muito.
Ontem num derradeiro esforço Francisco apareceu aos fiéis em São Pedro.
Há quem diga que foi dos melhores papas do Vaticano.
Paz à sua alma.
Curioso em perceber quem se seguirá.
Por estes dias de sede vacante no Vaticano aconselha-se a ida ao cinema para assistar ao filme O Conclave.
Não se espera, claro está, um final semelhante ao do filme quando o espírito santo baixar sobre a cabeça dos cardeais reunidos em colégio, o mesmo é dizer conclave, na Capela Sistina.
A morte de um Papa é sempre uma ocasião traumática para os crentes que depois acorrem em massa à Santa Sé para avistarem o fumo branco, altura de novo júbilo e renovada esperança.
Habemus Papa é a senha para o cardeal que se sentará de novo na cadeira de São Pedro. Mas, até lá, as lutas diplomáticas no conclave nem sempre são bonitas e desenvolvem-se em estocadas florentinas.
Dizem que o próximo sumo pontífice poderá ser um africano ou um asiático e nunca um europeu. Estão abertas as apostas.
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Ontem ouvi um mentiroso.
Às 22 e tal na televisão.
Mentia com os dentes todos.
Garantia, afirmava e jurava a pés juntos.
Que vivia numa casa de 30 metros quadrados.
Por minguém acreditar foi-se verificar.
Afinal é um T1 de 70 metros quadrados. Num condomínio de luxo.
Quem mente nestas pequenas coisas coisas obviamente mente igualmente nas grandes questões.
André Ventura não presta para nada e é a pior coisa que nos podia ter acontecido.
Mas, o povo português só se deixa enganar uma vez.
Correr com a corja do parlamento é um bem inestimável para todos nós e para a saúde da democracia.
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Diz-se que em política o que parece é, e parece que Trump está a soldo de Putin. Se parece, só pode ser seu lacaio, seu instrumento para lhe entregar a América por um prato de lentilhas e o mundo por trinta moedas, os devidos juros que alegadamente o salvaram da ruína e permitiram que se apresentasse como um grande empresário.
Mas, como é que um homem cujo vocabulário é de uma pobreza abaixo da franciscana, que não articula uma frase gramaticalmente certa, que nada sabe de geografia, história, direito, finanças, economia, filosofia, de ciências, de cultura, de engenharia, enfim, de nada de nada, conseguiu a proeza de se alcandorar pela segunda vez na presidência dos Estados Unidos, é um verdadeiro mistério para mim. A sua formação académica está ao nível da antiga terceira classe da escola primária, mas conseguiu levar um povo a depositar nele uma confiança que está longe, muito longe de merecer. A cada dia, a cada hora, a seu comando tudo piora no mundo e no seu país, mas melhora para a Rússia.
Agora já se posicionou para ir ao funeral do Papa, ele que está a milhares de léguas do que Francisco pensava e defendia. De facto, o cúmulo da hipocrisia junta-se ao cúmulo do egocentrismo num descarado exibicionismo de pato bravo dentro de um air force one.
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É terrível quando se confunde Igreja e Estado ou quando não se separa o Estado da Igreja.
Num Estado não confessional, laico portanto, as celebrações, comoções e devoções têm cada uma seu lugar, seu tempo e seu papel.
Não se compreende, à luz das anteriores premissas que decorrem do espírito constitucional e canónico, que o Governo não esteja disponível para celebrar condignamente o 25 de Abril dada a Sede Vancante em Roma por morte do Papa Francisco. Há muita maneira de caçar votos. Esta é mais uma e tem mira a fileira católica.
Mais papistas do que o Papa, melhor seria fazerem dogma das missas em latim.
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Viva a Liberdade
Viva a Liberdade
Viva a Liberdade
Viva a Revolução dos Cravos
Viva o 25 de Abril
Viva a Democracia
Viva Portugal
25 de abril sempre, fascismo nunca mais
Grândola Vila Morena, o povo é quem mais ordena
Uma gaivota, voava, voava
O povo unido jamais será vencido
Somos muitos, muitos mil para continuar Abril
…as saudade que eu tinha de descer a Avenida da Liberdade