Seis pessoas ficaram detidas, entre eles, o marido da apresentadora, Max Cardoso, considerado o cabecilha da rede que em Portugal fez uma fraude de 300 milhões de euros.
Ana Lúcia Matos negou o envolvimento na burla e e negou ter qualquer envolvimento na rede criminosa tal como desconhecer o esquema de fuga ao fisco pelo qual foi detida no âmbito da mega operação da PJ, num esquema de fuga aos impostos através de um carrossel de empresas fictícias.
Ana Lúcia e Max, o marido, foram ouvidos pelo juiz quinta-feira em primeiro interrogatório judicial.
A apresentadora diz desconhecer o esquema e revelou não ter conhecimento sobre assuntos relacionados com o IVA.
No interrogatório, a modelo contou que o marido lhe dizia que fazia investimentos de alto risco, mas que ela não sabia ao certo do que se tratava e lembrou ao juiz o facto de ser mãe de duas crianças.
É que tudo indica que Ana Lúcia Matos “não tem a quem deixar os filhos”
Filipa de Castro explicou que Ana Lúcia Matos “não tem a quem deixar os filhos”. “Ela tem uma tia, da qual sempre falou muito, e não tem a quem deixar os filhos”, disse.
“Não sei se os meninos estão com a mãe ou com a tia, porque o pai tem problemas com álcool. A mãe também. Não é com álcool, mas tem alguns problemas. Ela tem a tia a ajudar”, afirmou Filipa de Castro, assegurando que a ex-apresentadora “está acusada de branqueamento”. “É o único crime de que está acusada”, garantiu.
Já o marido Max, luso-francês, acusado de ser o cabecilha do esquema, não quis prestar declarações diante do juiz.
As medidas de coação ainda não são conhecidas.
O grupo, detido na terça-feira pela Polícia Judiciária do Porto, atuava desde 2016 e ocultou sempre os crimes.
A fraude, a venda de telemóveis e aparelhos eletrónicos, foi feita em mais de 30 países e atingiu os 2,2 mil milhões de euros. num esquema de fuga aos impostos.
O marido de Ana Lúcia Matos é procurado pelas autoridades francesas e está ligado aos Panamá Papers.
De acordo com a acusação a apresentadora e o marido compraram uma vivenda de luxo na Aroeira, a pronto e com dinheiro do crime. O casal usava dinheiro que estava em contas tituladas por vários familiares de Max: o pai, a mãe e a irmã.
Max Cardoso e a apresentadora de televisão adquiriram a casa de luxo onde vivem na zona da Aroeira, na margem sul de Lisboa, com o dinheiro das atividades criminosas. Também o carro, um Porche, foi comprado a pronto.
Na conversa com o juiz a apresentadora acabou por confessar o esquema fiscal. Mas foi libertada.
O casal tinha toda a vida financeira sediada no Dubai.Ana Lúcia Matos disse ao juiz não entender nada de impostos, mas assumiu depois que o companheiro, Max Cardoso, fazia de tudo para fugir ao Fisco.
Compraram uma casa a pronto e um Porsche, mas nada ficou no nome de Max e justificou ser assim porque o marido não queria liquidar impostos em Portugal.
Pelo menos assim diz o Ministério Público do Porto, que tem essa certeza, e sabe que a moradia foi paga com recurso a dinheiro transferido de uma empresa de Max, criada no Chipre, para as contas de familiares.
Foi a vida de luxo da apresentadora da TVI nas redes sociais que acabou por dar nas vistas já que o casal frequentava os hoteis mais caros nas suas viagens, a modelo aparecia com marcas de luxo e surgia em fotos nas viagens de sonho.
A PJ apreendeu dezenas de artigos de valor da sua casa no âmbito de mega operação por fuga ao fisco.
Ana Lúcia Matos foi acordada às sete da manhã de terça-feira. Inspetores da PJ de Lisboa e o juiz Pedro Miguel Vieira cumpriam dois mandados de detenção, dos 14 que foram emitidos no âmbito da ‘Operação Admiral’.
Na Aroeira, na Margem Sul, a apresentadora de televisão e o marido, Max Cardoso, luso-francês, com quem a modelo tem dois filhos, foram acordados e surpreendidos bem cedo pela Polícia Judiciária (PJ) com um mandado de busca e detenção quando se encontravam na casa de ambos.
A operação, com o nome de código ‘Operation Admiral’ (‘Operação Almirante’), resultou na apreensão de “viaturas automóveis e outros bens de luxo, material informático, dinheiro em montante valor superior a dois milhões de euros, bem como documentação diversa relativa à prática dos factos”, disse a PJ.
No total, enquadradas nesta mega operação, foram feitas cerca de 100 buscas domiciliárias e não domiciliárias, nos concelhos do Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Braga, Guimarães, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Coimbra, Figueira da Foz, Lisboa, Corroios, Vila Franca de Xira, Sintra e Funchal.
A Procuradoria Europeia explicou que em causa está “um complexo esquema de fraude ao IVA baseado na venda de bens eletrónicos”. Os danos estimados totalizam, atualmente, 2,2 mil milhões de euros.
Ana Lúcia Matos deu a cara pela TVI, Benfica TV e CMTV. Na estação de Queluz de Baixo, a apresentadora integrou programas como ‘Câmara Exclusiva’, ‘Selfie’ e ‘Somos Portugal’, embora esteja afastada da estação há vários meses.
Fonte ligada ao processo explicou à Lusa que não foi pedida prisão preventiva para estes oito arguidos, uma vez que os riscos associados a estes detidos podiam ser contidos com medidas de coação menos graves e sem privar as pessoas da liberdade.
Em sentido inverso, os restantes seis arguidos permanecem detidos, estando em causa a alegada prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e branqueamento.
A leitura da decisão do juiz de instrução sobre as medidas de coação dos 14 arguidos está prevista para terça-feira.
A investigação à atividade fraudulenta que deu corpo à Operação Admiral foi coordenada pela Procuradoria Europeia (EPPO, na sigla em inglês) e teve a sua origem em Portugal, onde terá sido responsável por dezenas de milhões de euros de fraude.
A operação policial em território nacional foi executada pela Polícia Judiciária (PJ), envolvendo cerca de 250 elementos de diversos departamentos, 35 elementos da Autoridade Tributária, além de um magistrado judicial, um procurador europeu e dois procuradores Europeus Delegados Portugueses.
“Procedeu-se ainda ao arresto judicial de cerca de 50 viaturas, 47 propriedades e cerca de 600 contas bancárias nacionais”, sublinhou a PJ em comunicado, que ressalvou que a operação está centralizada na Diretoria do Norte, sendo titulada pela EPPO, em colaboração com a Autoridade Tributária.
As atividades criminosas estendem-se pelos 22 Estados-membros da EPPO, além de Hungria, Irlanda, Suécia e Polónia, juntamente com países terceiros, incluindo Albânia, China, Maurícias, Sérvia, Singapura, Suíça, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.
A informação da EPPO aponta para uma fraude global ao IVA de 2,2 mil milhões de euros e uma operação desencadeada em 14 Estados-membros (Bélgica, Chipre, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Roménia, Eslováquia e Espanha). No âmbito desta investigação tinham também sido efetuadas buscas na República Checa, Hungria, Itália, Países Baixos, Eslováquia e Suécia no passado mês de outubro.
A EPPO esclareceu ainda que a investigação a nível europeu durou cerca de ano e meio e terá exposto “a maior fraude carrossel em matéria de IVA” na União Europeia, permitindo estabelecer “ligações entre a empresa suspeita em Portugal e cerca de 9.000 outras entidades jurídicas, e mais de 600 pessoas singulares localizadas em diferentes países”.
A atividade criminosa passava pela constituição sucessiva de uma complexa cadeia de empresas, na sua maioria de venda de equipamentos informáticos em plataformas ‘online’, que operavam executando os atos necessários para se “enriquecerem” com as quantias de IVA recebidas da venda desses produtos a clientes finais, num esquema típico da ‘Missing Trader Intra-Community (MTIC) Fraud’, que lesa os cofres da União Europeia, rematou a PJ.
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