O jovem americano embarcou num avião para a Ucrânia porque queria ajudar.
Há mais de trinta e tal dias que a Rússia invadiu a Ucrânia e cada vez mais americanos estão a aparecer como voluntários para ajudarem no esforço da guerra e no esforço humanitário.
Um jovem de Maryland, empregado na restauração na costa leste, sentiu que devia ir ajudar os ucranianos.
Agora está em Lviv a cuidar de animais abandonados e órfãos.
“Quando a Rússia invadiu a Ucrânia o coração ficou pesado”, disse Praul ao jornal online Today.
“Quando vi o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy a convidar quem quisesse ajudar percebi que havia uma forma de chegar até aqui.”
Praul tem três filhos e disse que a família o apoia, mas não ficaram empolgados com a decisão.
“Houve muita lágrima da minha mãe, tia e irmã”, explicou, “até o meu pai – quando nos despedimos teve dificuldade em olhar para mim. Ele disse-me que estava orgulhoso e vi-lhe lágrimas. Não me lembro da última vez que o vi chorar. Ainda me mandam mensagens todos os dias dizendo: ‘OK, é hora para voltar para casa agora’ – mas eles sabem como sou.”
Quando Praul chegou à Ucrânia foi para a Base de Treino Militar de Yavoriv, localizada a 40 quilômetros da fronteira polonesa. Quando chegou a hora de assinar a papelada que exigiria ter de pegar numa arma para matar soldados russos, decidiu deixar a base. Não assinou.
Dias depois, as forças russas lançaram mais de 30 mísseis na base e mataram 35 pessoas e feriram outras 135.
Da base Praul foi para Lviv onde encontrou quem realmente estava a precisar de ajuda. E decidiu ficar a trabalhar na Домiвка Врятованих Тварин (Casa dos Animais Resgatados), um abrigo de animais que trata e cuida de animais selvagens e domésticos abandonados, órfãos ou deslocados como resultado da guerra.
“Estão sempre a chegar cães de todo o lado. É muito barulhento”, explicou Praul. “Os cães com quem tenho trabalhado não gostam muito do barulho. Por isso, é mais difícil construir laços de confiança.”
Pode haver até três dúzias de animais no abrigo, embora o número varie significativamente à medida que mais cães são adotados por famílias tanto no oeste da Ucrânia quanto em países vizinhos.
“Há uma organização parceira na Alemanha que os leva para a Polónia onde ficam em quarentena e depois vão para a Alemanha para serem adotados”, disse entusiasmado.
“Há dias tínhamos 30 cães. Depois cerca de 10. Hoje, cerca de seis. Os cães são muito adotados no local, o que é incrível.”
Os cães são uma mistura de animais de rua e animais de estimação que foram deixados para trás por famílias que fogem do país.
Praul já sabe perceber ao passear os cães, qual é doméstico ou da rua. Alguns dos cães parecem alheios à guerra – as caudas nunca param de abanar e nunca param de brincar. Outros, no entanto, foram claramente traumatizados pela violência.
“A cadela com quem tenho o maior apego agora, ela não pode sair porque não confia em ninguém”, acrescentou. “Os animais não têm escolha em nada disto – é um drama humano e os animais não têm nada a dizer. É realmente perturbador. Uma mulher veio com dois cães que acabaram de ser deixados numa estação de comboios amarrados a um dos postes. Tinham apenas dois pedaços de papel com seus nomes e idades.”
O voluntário americano diz que em casa as contas estão a acumular-se e sabe que terá de voltardepois de passar um mês na Ucrânia.
“Vou tentar prolongar a minha estadia o máximo que puder”, disse. “Mas já tenho a sensação de que no dia em que for embora, vou sentir que devia voltar aqui.”