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Jeff Praul, de 28 anos, deixou a segurança do lar americano e veio até à Europa

Americano foi cuidar de animais abandonados em Lviv

 |  Alexandra Ferreira  |  ,

Jeff Praul, de 28 anos, deixou a segurança do lar para ir cuidar de animais abandonados na Ucrânia. Quando decidiu ir para aquele país em guerra só queria poder ser útil no que fosse necessário.

O jovem americano embarcou num avião para a Ucrânia porque queria ajudar.

E acabou por conseguir: está em Lviv, na Домiвка Врятованих Тварин, a “Casa dos Animais Resgatados” a cuidar de cães vadios e animais de estimação abandonados.

Há mais de trinta e tal dias que a Rússia invadiu a Ucrânia e cada vez mais americanos estão a aparecer como voluntários para ajudarem no esforço da guerra e no esforço humanitário.

Um jovem de Maryland, empregado na restauração na costa leste, sentiu que devia ir ajudar os ucranianos.

Agora está em Lviv a cuidar de animais abandonados e órfãos.

“Quando a Rússia invadiu a Ucrânia o  coração ficou pesado”, disse Praul ao jornal online Today.

“Quando vi o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy a convidar quem quisesse ajudar percebi que havia uma forma de chegar até aqui.”

Praul tem três filhos e disse que a família o apoia, mas não ficaram empolgados com a decisão.

“Houve muita lágrima da minha mãe, tia e irmã”, explicou, “até o meu pai – quando nos despedimos teve dificuldade em olhar para mim. Ele disse-me que estava orgulhoso e vi-lhe lágrimas. Não me lembro da última vez que o vi chorar. Ainda me mandam mensagens todos os dias dizendo: ‘OK, é hora para voltar para casa agora’ – mas eles sabem como sou.”

Quando Praul chegou à Ucrânia foi para a Base de Treino Militar de Yavoriv, ​​localizada a 40 quilômetros da fronteira polonesa. Quando chegou a hora de assinar a papelada que exigiria ter de pegar numa arma para matar soldados russos, decidiu deixar a base. Não assinou.

Dias depois, as forças russas lançaram mais de 30 mísseis na base e mataram 35 pessoas e feriram outras 135.

Da base Praul foi para Lviv onde encontrou quem realmente estava a precisar de ajuda. E decidiu ficar a trabalhar na Домiвка Врятованих Тварин (Casa dos Animais Resgatados), um abrigo de animais que trata e cuida de animais selvagens e domésticos abandonados, órfãos ou deslocados como resultado da guerra.

“Estão sempre a chegar cães de todo o lado. É muito barulhento”, explicou Praul. “Os cães com quem tenho trabalhado não gostam muito do barulho. Por isso, é mais difícil construir laços de confiança.”

Pode haver até três dúzias de animais no abrigo, embora o número varie significativamente à medida que mais cães são adotados por famílias tanto no oeste da Ucrânia quanto em países vizinhos.

“Há uma organização parceira na Alemanha que os leva para a Polónia onde ficam em quarentena e depois vão para a Alemanha para serem adotados”, disse entusiasmado.

“Há dias tínhamos 30 cães. Depois cerca de 10. Hoje, cerca de seis. Os cães são muito adotados no local, o que é incrível.”

Os cães são uma mistura de animais de rua e animais de estimação que foram deixados para trás por famílias que fogem do país.

Praul já sabe perceber ao passear os cães, qual é doméstico ou da rua. Alguns dos cães parecem alheios à guerra – as caudas nunca param de abanar e nunca param de brincar. Outros, no entanto, foram claramente traumatizados pela violência.

“A cadela com quem tenho o maior apego agora, ela não pode sair porque não confia em ninguém”, acrescentou. “Os animais não têm escolha em nada disto – é um drama humano e os animais não têm nada a dizer. É realmente perturbador. Uma mulher veio com dois cães que acabaram de ser deixados numa estação de comboios amarrados a um dos postes. Tinham apenas dois pedaços de papel com seus nomes e idades.”

O voluntário americano diz que em casa as contas estão a acumular-se e sabe que terá de voltardepois de passar um mês na Ucrânia.

“Vou tentar prolongar a minha estadia o máximo que puder”, disse. “Mas já tenho a sensação de que no dia em que for embora, vou sentir que devia voltar aqui.”

Créditos Imagem:

@reprodução Redes Sociais/@JeffPraul

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