Em tempos de guerra como os atuais, é mais aguda a consciência dos perigos de se viver em
cidades alvo, especialmente em capitais europeias como Paris, Berlim, Bruxelas, Roma ou
Londres, o que constitui por si só uma experiência de trazer os cidadãos com nervos à flor da
pele, os sentidos todos sempre em alerta e atenção máxima ativada, uma ansiedade quase
sempre em níveis altíssimos, mesmo que o disfarcemos no dia a dia.
Saber que o ataque nuclear ou o atentado pode ocorrer a qualquer momento ou estar ao virar da esquina e que a próxima vítima pode muito bem ser a nossa própria pessoa é um fenómeno psicológico desconfortável, desagradável porque é preciso desde logo vestir o fato do desconfiado ao sair de casa.
Todavia, para manter uma ponta sanidade é necessário não viver aterrorizado nem com medo de que a morte nos assalte na curva seguinte em forma de projétil químico, de saraivada de balas, esfaqueamento numa praça ou de um embate de um carro tresloucado que suba passeios ou entre aceleradamente por uma rua destinada a peões levando toda a gente que encontra à sua frente num festim de sangue, ossos partidos, órgãos perfurados e naturalmente algumas mortes.
Mas, quando nos sentamos numa esplanada para beber uma cerveja, um copo de vinho, um
gin ou um mojito ao final de tarde depois do trabalho, instintivamente quase sempre se
procura uma que tenha proteções, sejam em forma de pins, disfarçados jarrões florais,
ostensivos blocos de cimentos ou de volumosas composições em ferro.
Nas zonas com grandes concentrações de pessoas é melhor escolher uma das pontas porque
não só a fuga se afigura mais fácil como também é menor o risco de cair e perecer esmagado
pela turba enlouquecida, isto em caso de ocorrer um qualquer inesperado fenómeno de terror.
Se se optar por viajar de metro melhor é afastarmo-nos, claro está, da linha amarela pintada
na plataforma e mantermo-nos longe das pessoas, com o foco virado para movimentações que possam parecer estranhas, o mesmo se diga com o autocarro onde a atenção também não deve abrandar.
Com a videovigilância espalhada pelos sete cantos das cidades, é, pois, natural que nada
escape ao grande olho que tudo vê também conhecido por Big Brother. Nada ou quase nada.
É nesta brecha do ou que tudo pode acontecer, que tanto pode ser na intermitência de um erro como de pura sabotagem. Os lapsos são suscetíveis de todos os aproveitamentos e as mentes criminosas nunca descansam no seu afã de produção de danosidades.
Não havendo praticamente polícias visíveis, nem sendo ostensiva a sua presença, a verdade é que mal se dá um qualquer evento fora da normalidade aceite aparecem todos à uma, vindos não se sabe de onde, atuando com a ferocidade de vespas asiáticas.
Por mais competentes, qualificados, dedicados e por causa disso bem remunerados que sejam os técnicos informáticos, e são-no, nunca estamos livres de um ataque informático que nos coloque à beira da impotência pela impossibilidade de manusear os comandos do computador impedindo a realização das tarefas, atrofiando rotinas e impossibilitando o desenvolvimento normal do trabalho.
Este tipo de ameaças é uma outra espada de Dâmocles sempre pronta a ser desferida a soldo de um qualquer bando de ‘ciber’ criminosos, que também pode ser um Estado terrorista enxameado de malfeitores.