Katerina Prokopenko e Yulia Fedosyuk já tinham ido a Roma há alguns dias e voltaram para casa sem que os seus apelos fossem ouvidos. Agora regressaram e estão desesperadas porque as tropas russas não param o ataque à fábrica do Azvostal onde seus maridos estão presos há semanas.
Na esperança de encontrarem o Papa na audiência geral de quarta-feira saíram de Kiev para Roma na noite anterior. Logo bem cedo pela manhã, Katerina e Yulia estavam na primeira fila na Praça de São Pedro.
Yulya, casada com Arseniy Fedosiuk e Kateryna com Denis Prokopenko, que lidera a resistência de Mariupol contra o cerco russo.
Com elas traziam duas cartas e algumas fotos para entregarem ao Papa Francisco.
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Uma carta foi assinada por Onufrij, o primaz da Igreja Ortodoxa Ucraniana, com um pedido a Putin para que deixe os combatentes de Azov partirem.
“A outra carta é nossa.”
Tudo foi entregue e Francisco recebeu-as por cerca de 5 minutos.
“Ele disse que está ciente da situação e que rezará por eles e fará tudo o que for possível”, disseram as mulheres aos jornalistas.
“Ele é a nossa última esperança” – dizem – “Pedimos ao Papa e a Onufrij que se tornem terceiros nesta guerra e nos ajudem a iniciar um procedimento para os salvar. Esperamos que sejam criados corredores seguros para podermos evacuá-los para um terceiro país onde pudéssemos ter uma vida normal”.
Turquia e Israel estão dispostos a tentar.
Com elas estava Piotr Verzilov, o dissidente russo, fundador do grupo ‘Pussy Riots’, que tem ajuda as companheiras dos combatentes do Azovestal nesta campanha para os salvar da morte.
“Pedimos ao Papa que viesse à Ucrânia e que falasse com Putin,” disse Yuliya.
O presente destas mulheres e mães é de sofrimento e grande ansiedade.
“A última mensagem que o meu marido me enviou foram três palavras: eu amo-te. Eu respondi que estávamos a tentar salvá-los a todos. Mas senti uma grande tristeza, não sabemos o que vai acontecer amanhã, ou daqui a três horas. Sabemos que os russos continuam o ataque implacavelmente. Não sabemos o que pensar, o que fazer, apenas esperamos que o mundo, o nosso governo, alguém nos ajude e intervenha para salvar as vidas dos nossos homens”.
Yulia assume que o marido lhe deu a entender que já não há água, nem nos canos da fábrica.
“O meu marido escreveu-me há um dia que até a água nas máquinas está acabar. E pediu-me para consultar o Google e procurar um artigo sobre como sobreviver o maior tempo possível sem água. Tenho medo de perdê-lo e também estou com raiva de mim mesmo porque não consigo fazer nada para o ajudar! É terrível o que nos está acontecer: Azovstal parece um ‘reality show’ e ninguém nos ajuda. Por isso esperamos que o Papa nos possa ajudar, ele é nosso última esperança ” .
Kateryna, Yulia e Verzilov seguiram para a Alemanha para continuarem a apelar pela vida dos maridos e todos os combatentes do Azovestal.