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Duplo F
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“Ai! Que saudade que eu tenho…”

É o que diz quem se lembra de algo que teve, mas já não tem, e nunca mais pode ter.

Estou a lembrei-me hoje, da velha Mercearia do meu bairro, onde na minha juventude ia às compras; o merceeiro apontava numa caderneta tudo o que se comprava, para no fim do mês, tirando o lápis pendurado na orelha, fazer as contas que eram ali mesmo pagas. A mercearia tinha tudo o que era necessário e suficiente para a sua assídua e permanente clientela, cujos gostos eram conhecidos pelo dono e pelo marçano, assim se chamava o empregado que nos atendia, e que duma folha de papel fazia habilmente um pacote, onde metia as compras do freguês.

Ai que saudades eu tenho…dessa familiaridade, desse atendimento personalizado, e da qualidade da fruta e da hortaliça, que vinha duma horta escolhida a dedo, e que não eram normalizadas, como hoje, mas saborosas.

Mercearias, como essas, que certamente surpreendem queen as não conheceu, já não há de facto…

Mas no sítio em que hoje vivo, e num raio de pouco mais um quilómetro, há cinco Supermercados, que de facto têm tudo que desejo comprar, até roupas e calçado, ferramentas e demais; tudo isso está estrategicamente colocado, para chamar a atenção, e naturalmente despertar o interesse, acrescentando sempre algo mais à lista que já levávamos feita.

Ninguém nos trata pelo nome, e os marçanos, passaram a ser silenciosos repositores. Para completar a oferta, até se pode comprar a refeição do dia, e pacotes também há, não feitos e oferecidos na hora, mas pagos na conta.

O desabafo de saudade que é o tema desta nossa conversa, não é mais do que isso, um desabafo, que pode consolar quem o pronuncia, mas não trava o progresso do mundo em nenhuma das suas faces.

Digo-vos até, que se tiver sorte, ainda vou receber um dia destes as minhas compras essenciais pela janela, bem organizadas no interior duo drone de entrega, depois de encomendadas e pagas, claro, com um simples clique de telemóvel…

Saudades de quê então?

Para cada um fica a sua resposta…

 

E aqui está o meu pensamento sobre o assunto:

“O mundo salta a cada passo… desabafe  

         quem quiser!”  

Créditos Imagem:

Nationaal Archief

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