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Monteiro Cardita
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Acupuntura ou um ouriço virado ao contrário

De repente, pela calada, instala-se uma doença não cancerosa, mas causadora de grande male estar, desconforto e perturbação mental. Recorre-se à ciência e vai-se aos médicos.

A vários, porque os sintomas persistem e não se vão embora. Fazem-se todos os exames adequados e recomendados uma, duas, três vezes. A par de todas as análises quatro, cinco, seis, sete vezes. Entra-se depois como que num beco sem saída quando numa das idas ao médico se obtém friamente a resposta três vezes verbalizada: eu não faço milagres, eu não faço milagres, eu não faço milagres. É o momento do grande desalento quando se realiza que a medicina dita ocidental continua a não saber tratar nem responder a certo tipo de doenças para os quais, aliás, não tem avançado praticamente quase nada apesar dos grandes progressos de que se vangloria.

Depois há um raciocínio que aflora, se esta medicina não faz milagres nem os médicos formados pelas faculdades médicas são milagreiros, é preciso buscar noutro lado, não o milagre, mas o tratamento, não o milagreiro, mas o cuidador. Em demanda da resolução para o problema buscam-se furiosamente a várias possibilidades que se imaginam possam estar ao nosso alcance porque não se pode deitar a toalha ao chão. Entre as várias medicinas alternativas que pululam, há uma cuja antiguidade cinco vezes milenar inspira maior confiança.

Entra-se então no hermético reino das agulhas. Explicada a situação ao detalhe obtém-se a resposta de que dentro de um prazo razoável, porque elas não funcionam imediatamente como se de magia se tratasse, o problema será atenuado e porventura resolvido até. Compram-se várias sessões, porque é bem-sabido que à dúzia é mais barato.

Deitado na marquesa, passivamente dá-se a permissão às picadas uma, duas, três, várias vezes, nunca menos de vinte e não mais do que sessenta. E em cada sessão de modo masoquista conta-se cada uma delas. A impressão com que se fica é termo-nos tornado um ouriço virado ao contrário, com os picos espetados para dentro. Imóvel que nem estátua aguenta-se o sacrifício e medita-se na esperança, o único dom da caixa de Pandora.

E a esperança materializou-se. Para aquilo que a ciência ocidental não tinha cura nem resposta a acupuntura revelou estar à altura e os acupunturistas, que sem serem milagreiros, operam maravilhas manipulando com mestria as finas agulhas nos pontos energéticos dos nossos meridianos, assim equilibrando a saúde, reconquistando alegria e o bem-estar.

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