Dois jornalistas são os laureados com o Prémio Nobel da Paz em 2021. São eles a filipina Maria Ressa, directora do jornal digital Rappler, e o russo Dimitry Andreyevich Muratov, director do maior jornal independente que sobrevive no país de Putin, o Novaja Gazeta (Nova Gazeta).
Ao apresentar hoje, 8 de outubro, os nomes dos vencedores Berit Reiss-Andersen, presidente do Comité Nobel destacou que o prémio de quase um milhão de euros (a dividir pelos dois) distingue os esforços dos profissionais “para defender a liberdade de expressão, que é uma pré-condição da democracia e paz duradouras.”
Numa entrevista partilhada no site do comité Nobel, Reiss-Andersen admite que o Nobel da Paz 2021 é uma crítica a “todas as nações que limitem a liberdade de expressão. Queremos premiar estes dois jornalistas pelo trabalho que tem feito.”
A Organização Repórteres sem Fronteiras denunciou no seu relatório anual o assassinato de 50 jornalistas em todo o Mundo, só em 2020 (em 2019 foram 53). Sete em cada dez, em países em paz. O México é o país mais mortífero para os jornalistas, com 8 mortos, seguido da índia e Paquistão, com quatro cada, Filipinas e Honduras, ambos com três.
Quem são Premio Nobel da Paz 2021?
Maria Ressa, no jornal digital Rappler (que fundou em 2012 e que ainda dirige), tem denunciado a violência e o crescente
autoritarismo do regime no seu país, as Filipinas.

Dando a cara pelo jornalismo de investigação da Rappler, revelou-se uma defensora destemida da liberdade de expressão, focando a atenção no regime liderado pelo presidente da república Rodrigo Duterte, e na sua sangrenta guerra anti-droga que já vitimou milhares de pessoas.
No seu jornal, Ressa tem denunciado o controlo do regime sobre a comunicação social, usada para disseminar notícias falsas e propaganda. Em 2019 foi detida na sua redação, alegadamente por causa de artigo que assinou em 2012, sendo libertada horas depois.
Dimitry Andreyevich Muratov, o outro laureado,, é um jornalista russo que defende há décadas a liberdade de expressão no país governado há anos por Vladimir Putin. Em 1993 Muratov foi um dos fundadores da Novaja Gazeta (Nova Gazeta), que dirige desde 1995, meio de comunicação apoiado financeira e publicamente por Mickail Gorbatchev, o ex-presidente, pai da Perestroika, que precipitou o fim do regime comunista soviético. 
Este jornal é o principal meio de comunicação social independente na Rússia, assumindo um tom assumidamente crítico do regime de Putin, denunciando temas raramente abordados noutros jornais, como a corrupção, a violência policial, prisões arbitrárias, fraudes eleitorais e esquemas envolvendo o exército soviético dentro e fora do País.
Esta linha editorial tem custado ameaças, detenções, violência e vidas, aos trabalhadores do Novaja Gazeta, que desde que nasceu já assistiu ao assassinato de seis jornalistas, incluindo Anna Politkovskaya, que escreveu sobre a guerra da Chechénia. Apesar disto, Dimitri nunca desistiu de cumprir a sua missão. À agencia Tass, Dmitri reagiu dedicando o prémio aos colegas assassinados, nomeando-os: “É pelo Igor Domnikov, pelo Yura Shchekochikhin, pela Anna Politkovskaya, pela Nastya Baburova, pela Natasha Estemirova, pelo Stas Markelov. Isto é por eles”.