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Editorial

Alexandra Ferreira (Diretora)

O imprevisível Trump

20 Jan. 2025

Ao meio dia de hoje, segunda feira, dia 20 de janeiro de 2025, diz a meteorologia que vai estar um frio do diabo, Donald Trump, empresário e ex-presidente dos EUA vai cumprir o seu segundo mandato presidencial. Apesar de ser considerado por todos um homem imprevisível e com problemas em tribunal, vai colocar a mão sobre uma Bíblia, jurar servir o País e tomar posse como o 47º presidente dos Estados Unidos.

Para muitos é assustador, porém, a extrema direita tem dele a visão do salvador do Mundo que quer acabar com a imigração, nem que seja á lei da bala ! Já foi o 45º presidente e ei-lo de novo como 47º presidente com os olhos do mundo postos nele.

O seu discurso vai definir a agenda dos próximos quatro anos. Mas o que será que Donald Trump tem reservado para a América e o mundo? Sim, porque tudo o que acontece na América, para o bem ou para o mal, mexe com o resto do Mundo.

Como todos sabemos as políticas deste novo governo dos EUA podem ter consequências para o futuro do clima, da guerra na Ucrânia, da do Médio Oriente e na economia global.

Trump já tem 78 anos, dá uns passos de dança ao som do seu YMCA, tem umas tiradas assustadoras como dizer que o canal do Panamá deve mudar de nome, dizer que quer comprar a Groenelândia e ainda transformar o Canadá no 51º estado dos EUA. Ameaças ou fanfarronice? No fundo lá bem no fundo tem qualquer coisa sempre de muito suspeito. O querer comprar a Gronelândia pode ser um aviso à Dinamarca para que aumente a segurança na região diante da ameaça da Rússia e da China que já têm uma enorme influência na zona.

Não sabemos se Trump neste mandato vai ser igual ao Trump do primeiro mandato. As pessoas aprendem mesmo com os erros ou por experiência nesse lugar. Ele prometeu deportações em massa, perdões para manifestantes do 6 de janeiro de 2021 e tarifas agressivas sobre o Canadá, México e China.

As políticas fiscais de Trump vão ser feitas para os ricos e as grandes empresas. A promessa é de estender a reforma tributária de 2017, com algumas mudanças como a redução da taxa de imposto de renda corporativa de 21% para 15%.

Isso também envolve reverter os aumentos de imposto sobre os americanos mais ricos e eliminar os impostos da Lei de Redução da Inflação que financiam medidas energéticas destinadas a combater as mudanças climáticas.

Trump deu mais ênfase a novas propostas voltadas para os americanos de classe média e trabalhadora: isentar gorjetas e horas extras de impostos.

A postura de Trump em relação a tarifas e comércio internacional é desconfiar dos mercados mundiais e considerá-los prejudiciais aos interesses americanos. Propõe tarifas de 10% a 20% sobre produtos estrangeiros — e em alguns discursos mencionou porcentagens ainda maiores. Também vai restabelecer uma ordem que exige que o governo federal compre medicamentos “essenciais” apenas de empresas americanas. E ainda prometeu bloquear compras de “qualquer infraestrutura vital” nos EUA por empresas chinesas.

DEI, LGBTQ e direitos civis são temas que enfatizou muito durante a campanha. Como sempre não simpatiza com estas minorias que considera aberrantes. Trump quer reverter a ênfase social na diversidade e nas proteções legais para cidadãos LGBTQ. Quer acabar com programas de diversidade, equidade e inclusão em instituições governamentais, usando financiamento federal como alavanca.

Sobre direitos transgéneros, de modo geral, quer acabar com “meninos em desportos de meninas” e exigir que apenas dois géneros sejam reconhecidos no nascimento: masculino ou feminino.

Na educação o destaque vai para a retirada de financiamento “para qualquer escola ou programa que promova a Teoria Crítica da Raça, ideologia de género ou outro conteúdo racial, sexual ou político inapropriado para as crianças”.

No ensino superior, Trump propõe assumir os processos de acreditação de faculdades, uma medida que ele descreve como uma “arma secreta” contra os “maníacos e lunáticos marxistas” que ele diz que controlam o ensino superior.

Trump também quer instituir uma “Academia Americana” online que oferece credenciais universitárias a todos os americanos sem cobrança de mensalidade. “Será estritamente apolítico e não haverá wokeness ou jihadismo permitidos — nada disso será permitido”, disse Trump a 1º de novembro de 2023 num discurso.

Porém, nem tudo o que pretende impor em 4 anos é mau. Por exemplo, ele insiste que vai proteger a Segurança Social e o Medicare, programas populares voltados para os americanos mais velhos e que estão entre as maiores fatias do bolo de gastos federais a cada ano.

Trump que acha que as mudanças climáticas são uma “farsa”, criticou os gastos da era Biden em energia mais limpa, projetados para reduzir a dependência dos EUA de combustíveis fósseis.

Assim, propõe uma política energética — e gastos com infraestrutura de transporte — ancorada em combustíveis fósseis: estradas, pontes e veículos com motor de combustão. Mas não se opõe a veículos elétricos só que vai acabar com todos os incentivos de Biden para encorajar o desenvolvimento do mercado de veículos eléctricos.

A retórica e a abordagem política de Trump nos assuntos mundiais são mais isolacionistas em termos diplomáticos, não intervencionistas em termos militares e protecionistas em termos económicos do que os EUA têm sido desde a Segunda Guerra Mundial.

Os detalhes são mais complicados. Prometeu expansão militar, prometeu proteger os gastos do Pentágono dos esforços de austeridade e propõe um novo escudo de defesa antimísseis — uma ideia antiga da era Reagan, durante a Guerra Fria.

Trump insiste que pode acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia só que nunca revelou como fazer esse milagre. Também quer resolver rapidamente a guerra Israel vs Palestina mas não disse de que forma. Apenas que estará ao lado de Israel. “Paz pela força”, frase de Reagan , parece ser o seu lema. Porém, contínua a criticar imenso a NATO e a dizer que ou todos pagam 5 por cento do PIB em armamento ou os EUA deixam o organismo. No fundo, sente-se “roubado” porque os EUA são quem mais contribui para aquela organização de defesa.

No fundo e resumidamente, tudo o que escrevi acima, não passam de algumas das promessas feitas por Trump durante a campanha. Não sabemos se as vai cumprir. Depois do seu discurso solene de posse saberemos muito mais.

Os cem primeiros dias do primeiro mandato de Trump foram de caos. Mas dizem os comentadores políticos de todo o mundo que esta segunda Casa Branca de Trump será bem mais organizada e eficaz porque o presidente se rodeou de gente conhecida e leal. Isso vai fazer a diferença.

Trump é Trump. Até na escolha de Elon Musk para braço direito. Prometem ser uma dupla para abanar e desafiar diariamente tudo e todos, com tiradas ameaçadoras ou outras que apesar de ridículas podem eventualmente concretizar-se… Nunca se sabe porque certas coisas que ambos dizem parecem desenquadradas da normalidade. E esse é sempre o medo do cidadão comum e da diplomacia mundial. O receio do imprevisível.

 


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