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Duplo F
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A Serra e a Beira mar

Se é verdade que já não há com certeza, uma casa portuguesa, tal como ela  era, dou conta com prazer, que uma nova tendência se vai estabelecendo no Reino de Afonso Henriques: um singular, regresso ao campo, da geração intermédia, em detrimento da beira mar tão amada, com marcada preferência pelos Montes, onde o ar é puro e a neve cai, ou pela pacatez da planície Alentejana, onde na aldeia as casas são todas iguais e a comida é de se chorar por mais.

Por volta dos anos cinquenta, do século passado, o contrário era o que acontecia.

O emprego e o futuro estavam na cidade grande do litoral , assim pensava quem vivia na aldeia, onde dominava a agricultura de subsistência  e uma monotonia sem saída; por isso se partia em busca da vida agitada duma  grande cidade, que tinha mar e cinema, onde a noite reluzia e em cada dia acontecia algo de diferente.

Feita a tropa, raro era quem voltasse à rabiça do arado, ou à paz do seu saudável buraco.

Na cidade acontecia o namoro e aparecia o emprego, para eles e elas e, cada vez mais longe ficava a velha aldeia nativa, visitada a espaços cada vez maiores.

Pois vou a dar-vos agora a notícia, que a geração intermédia dessa diáspora interna, com os filhos já criados e mestrados,  massacrada com o  efeito devastador da tal  cidade grande, anda à procura por toda a parte, não propriamente na cidade em que viveu ou nasceu, de uma casinha modesta, a preço acessível, para voltar a ter bom silêncio, comida caseira na casa de pasto local, para  se reencontrar com o descanso, e até  fazer amigos singulares, que já não esperava que pudessem existir.

A velha mobília que nela exista até faz um vistão e serve perfeitamente para resolver a questão.

Da casa de praia, sonho antigo, se passa agora para a casa de campo, onde respirar o ar puro do pinhal é uma bênção, onde a oliveira ainda dá azeitonas, e o pão da manhã, bom como nenhum outro, aparece, desta vez pendurado todos os dias, na fechadura da porta.

A noite é para dormir, não há hora de acordar e o vizinho do lado está sempre mortinho por poder ajudar. As festas ainda se comemoram a preceito, no bailarico lá está o acordeão, e domina o conceito de que a vida deve ser vívida e não servida… e devagar.

Televisão e telemóvel também pode haver, mas há igualmente quem por regra os desligue.

Afinal é para descansar… ou não é?

Já cá não está o Maestro para fazer outra bonita canção; desta vez com o nome … “Nova casa portuguesa, pois então…”

O meu pensamento sobre o assunto:

 “Cada casa forja o dono!”

Créditos Imagem:

Vicky Sim, Unsplash Free Photos

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