Quando falei pela primeira vez ao telefone teria 8 anos; nesse início da década de 40, estava o mundo em guerra, impulsionado pela loucura dum homem, como muitas vezes acontece.
No pacato canto de África onde então vivia, a guerra, que se alastrava a todo o mundo, seguia-se angustiadamente pelas notícias telegráficas, mas não se sentia ali.
O telefone que Graham Bell inventara, já chegara a todo o lado, embora nem todos ainda dele se servissem; era um aparelho útil, mas utilizado apenas para mensagens urgentes ou surpreendentes, ocupando, na casa de quem o tinha, um lugar de destaque.
Para fazer a ligação era preciso discar o número, que se procurava numa lista, anualmente actualizada, onde estavam os nomes de todos os assinantes.
Disse discar, porque o aparelho, que era de razoável tamanho, tinha um disco onde se situavam os dez dígitos necessários para a marcação, e para cada dígito tinha de se fazer rodar o disco até ao fim, e esperar que voltasse à posição primitiva, para, completar o número desejado. Não se ria quem me segue, porque tudo tem o seu princípio; era mesmo assim.
Quem nessa altura tinha telefone só o utilizava para assuntos de garantida necessidade ou indispensável urgência, não dependiam dele, porque, calculem, as pessoas desse tempo não trocavam a saudável conversa cara a cara, por nada deste mundo.
E hoje considero que tinham mesmo razão; nada ultrapassa um bom abraço, um olhar próximo, o calor duma presença, um carinho que se sinta e não apenas pressinta.
E na verdade foi esse toque mágico que criou a sociedade, não foi a fria imagem dum ecrã.
E aqui está o pensamento da semana:
A vida na terra, qualquer que seja, depende inteiramente do oxigénio, sob qualquer uma das suas variadas formas. Algum de nós se lembra disso, quando respira?
Venha ao “Canto” que é do velho, para o ler o próximo.
F88