Para quem tem o vício de escrever, que como todos os vícios é difícil de erradicar, o título, tanto pode ser o ponto de partida como o ponto de chegada.
Quantas vezes de facto é ele, o título, que dá o arranque ao assunto, como dedo apontado ao tema sobre o qual vale a pena pensar: pode dele sair um mundo, ou quiçá não sair nada.
Mas a partir dele, muitas vezes se traduz em palavras um tema, se detalha uma história, se revolvem pensamentos, se procuram explicações, buscam verdades, se compõe até um livro.
E não é que as poucas palavras dum título prévio, são muitas vezes o motivo da leitura, são a cereja que dá lugar ao bolo, que afinal acaba por ser criado?
Quem escreve, naturalmente pensa, dá voltas ao assunto, observa ou inventa, conclui ou deixa em dúvida, e usando palavras, com ou sem ritmo, que presume conduzam quem lê, aquilo que quer transmitir, levando o leitor à sua vereda, ao seu conceito ou, simplesmente, à leitura que das coisas a que dá título.
Mas naturalmente que pode obter esse efeito, sem partir dum titulo. E para os afortunados da escrita, para título basta o seu nome, porque nele está o talento e o prestígio, que resultam dum poder raro: bem escrever.
E bem escrever é mesmo isso; um BEM, que todos gostaríamos de ter, mas poucos têm.
Bem escrever é transmitir, fazer pensar, até discordar.
É fazer sonhar, levando quem lê, a ser, sem o querer, personagem da história, a senti-la e a sofrê-la…
Uma língua Rica, facilita a escolha da tal palavra certa, que exprime exactamente o que se pensa, com a elegância com que a nota e a sua oitava fazem, na música, o contraponto e melodia.
E aí o título perde a sua importância…
O meu pensamento sobre o assunto:
“O título pode dizer tudo, e até não dizer nada…”.