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Editorial

Alexandra Ferreira (Diretora)

Autoridades agiram mal desde o início no caso do lince da Madeira

11 Ago. 2024
É triste quando se retira um animal domesticado à sua família para mais tarde o devolverem sedado e a morrer.
Foi o que aconteceu a Bores, o lince do deserto retirado à família na Madeira com quem vivia desde bebé há 6 anos. Um dardo tranquilizante dado pelas autoridades terá afetado a capacidade do animal beber e comer.
Agora, o Ministério Público vai ter de abrir um inquérito para investigar a morte do lince na Madeira. O lince-do-deserto é uma espécie protegida e a sua eliminação é crime público e punível por lei. O IFCN já ordenou a necropsia do animal que foi retirado à dona e morreu dias depois de ser devolvido.

Bores estava habituado a viver dentro de uma quinta, em plena liberdade e harmonia com os seus humanos e outros animais, estava seguro e a quinta era toda vedada. Não era perigo para ninguém…

Desde que nasceu vivia feliz, domesticado como um gato grande. Os seus humanos davam-lhe  alimentação adequada à sua espécie e era acompanhado por veterinários.

Até que alguém denunciou que o casal tinha uma espécie protegida na sua propriedade na Madeira. Sem olharem aos afectos e à ligação que Bores tinha à sua família humana, seguiram a Lei e levaram-no de casa. Foi colocado numa jaula num local exposto a um enorme ruído – parque aquático – e longe da família de sempre.
Os amantes dos animais de petição em petição conseguiram que as autoridades devolvessem Bores ao seu habitat natural, a casa dos donos. Só que deram-lhe tranquilizante a mais. O lince acabou por morrer…
Na minha opinião, o que foi feito pelas autoridades foi uma vergonha. Foi usar a Lei para matar um animal afastando-o do único habitat que conhecia, a casa dos donos. Mataram o lince sem vergonha nenhuma na cara.
Eu também junto a minha voz à voz de todos os que não compactuam com este tipo de crimes. Um lince é como um gato. Não se tira um gato do seu habitat. Não se afasta daquele espaço e seres que o rodeiam… os gatos deprimem e os linces também… fechados em jaulas, que ato tão abominável por parte de quem devia proteger e cuidar. Proteger e cuidar também é compreender laços de afeto entre animais, mesmo selvagens, e os seus donos. Se procurassem saber antes de o retirar que tipo de laços havia talvez não o tivessem retirado do local onde estava para o trancar numa jaula fechada num local desconhecido no meio do barulho.
Se fossem pessoas com um mínimo de consideração pela vida animal também poderiam ter-se apercebido que não ia levar a nada retirar dos donos um lince domesticado já que nunca poderia ser re-introduzido na vida selvagem onde não cresceu. Portanto, na minha opinião com tantos animais a precisarem de ajuda não entendo a razão de se retirar um gato grande dos donos só porque a Lei assim o diz.
O Bores era daqueles casos que primeiro se devia estudar qual a melhor situação para o bem do animal. E sem dúvida que o bem daquele animal residia no seio família, na sua quinta vedada e nos seus amigos animais que com ele conviviam no mesmo espaço. O Bores era um gato grande em casa abastada. Nada lhe faltava, nem amor…
O que aconteceu terá de ser exposto a nível nacional. O que aconteceu foi uma verdadeira vergonha. Uma desumanidade.  Espero que os responsáveis sejam levados à justiça sem piedade para mais tarde não se voltarem a repetir estes erros fatais.

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