A Humanidade chegou até onde se encontra, mudando de geração em geração, conceitos, instrumentos e
posições.
Quando se muda, se pressupõe que se avança, ou que se melhora, ou que se emenda, ou simplesmente se inova. Como seria de esperar, nem tudo na mudança resulta como se projecta ou deseja, mas é justo também dizer, que algumas vezes, o resultado até supera positivamente o que foi previsto ou sonhado.
Foi assim que do carro de bois se chegou ao avião, e da piroga ao submarino, mas foi assim também que se avançou da seta até ao míssil.
No meu tempo contava-se pelos dedos, ou até de cor se faziam as contas, que mais tarde passaram a ser feitas dando à manivela na máquina de calcular mecânica, até a calculadora portátil vir a tomar o seu lugar.
A meio da minha vida, chegou o computador, pesadão e limitado, até que a tal mudança o transformou numa simples placa portátil, do tamanho preciso da minha saudosa ardósia escolar, à qual também chamavam lousa, e que se apagava com uma esponja, vejam bem.
Do telefone de disco, eternamente ligado por fio à sua ficha, noutro salto de mudança chegámos ao telemóvel, que hoje dorme connosco na cama.
Assisti à popularização da pilha eléctrica para todos os fins, e bati palmas de contente, e hoje estou
dependente do carregador.
Já as mudanças de atitude, essas nem todas bateram certo, mas foram mudanças, e sempre úteis as
mudanças são, quando se não fazem apenas por paixão, ou simples desejo de mudar.
Bate agora à porta o grande salto, uma nova ferranenta cujas consequências podem alterar, literalmente, a vida humana, aquilo que recebeu o nome de: “Inteligência Artificial”,ou simplesmente “IA”.
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Embora ainda não esteja em pleno, já se começa a mostrar, e vejo que pouca gente com isso pareça
preocupada. E não será que devia estar?
Não é apenas uma pergunta, é também uma chamada de atenção.
Foram certamente ponderados e acautelados, os possíveis efeitos sobre o Homem e a Sociedade que ele
criou, porque é um espantoso salto em frente a tal Inteligência Artificial.
Aliviar o cérebro humano do seu uso, penso que tem por resultado a perda gradual da sua capacidade, e foi precisamente ela, essa capacidade, que colocou o Homem, no trono do Reino Animal.
O Sistema a que chamam Inteligência Artificial, através das suas várias aplicações, vai abranger de forma alargada, as áreas do raciocínio, da aprendizagem, do planeamento e da operacionalidade, é assim que se anuncia, libertando ou substituindo o Homem, com vantagens claras.
O talento, que era unipessoal, e por isso raro, ficará ao alcance de todos, incluindo os robots para tal criados.
Uma pergunta colocada receberá resposta escrita ou desenhada, devidamente expurgada de falsa
informação, planificada, e com alternativas para escolha, resultando duma pesquisa híper aprofundada e
rápida.
Fico desde logo em dúvida, sobre a quem deverá ser atribuída a autoria: se a quem faz a pergunta e escolhe, se ao pote de mistura e oferta donde resulta.
Calculo que o genuíno e raro teimarão em coexistir, mas perdendo, quiçá, a sua força.
A mudança será, desta vez, de duplo palmo, mas nada para alarmar, se se tiverem previamente, acautelado as consequências, e para elas preparado as necessárias respostas.
A vêr vamos, como diz o cego…
Um pensamento meu sobre o assunto:
“ Viva a mudança… mas não desapareça o
Homem, no seu leque de virtudes e defeitos”