IANVS, ou JANUS, era o deus romano de todos os Começos e Fins, de Passagens e Transições, Portas e Portões, do Tempo e da Dualidade, entre outros. Por isso era representado por duas faces contíguas, uma virada à esquerda, ao passado, e outra, mais jovem, virada à direita ou ao futuro.
JANUS, donde derivou o nome do primeiro mês do ano JANEIRO, era a divindidade romana que presidia ao princípio e o termo de qualquer conflito , por conseguinte à guerra e à paz.
Pois bem, entrámos num ANO NOVO; esperemos que nos traga o termo de conflitos e o começo de paz duradoira, que nos traga essa transição no espaço e no tempo, havendo a aguardar a celebração de outras actividades também históricas, como a das Olimpíadas que este ano se realizam em Paris, na França, de 26 de Julho a 11 de Agosto. Entretanto…
Relembro um episódio envolvendo uma pequena equipa de bate-chapas (ou de funilaria, como lhe chamam no Brasil), de boa gente moçambicana, que visitei na altura mais crítica da pandemia da COVID-19. Visita essa que acabou por me emprestar um conceito muito apropriado aos dias que correm, que devo inverter como voto para o resto do Novo Ano nesta antevéspera do Dia de Reis de 2024!
Assim foi que necessitando de uma reparação no meu robusto mas já vintage ‘quatro-rodas’ dirigi-me à oficina de reparações situada nas circanias de Joanesburgo. A sua e referida equipa tentava com dificuldade sobreviver às intempéries do negócio trazidas pelas consequências da pandemia, da qual se fala de há quatro anos a esta parte ainda com tangível temor.
Tanto pesaroso é passarmos por elas, como gravoso é testemunharmos as dificuldades pelas quais também passa quem trabalhou com afinco e ultimamente mais ainda na desesperada tentativa de poder resistir ao desmoronamento de estruturas e de quadros profissionais numa Economia ainda anímica, pós-COVID-19. Em causa continuava a sobrevivência de pequenas empresas, tanto de profissionais como de suas famílias, e amiudadas vezes das comunidades de que fazem parte.
Conto-vos esta peripécia, a qual me deu a capacitar de novo a forma como o homem da rua, que por mais simples que nos pareça ser não deixa de comunicar em linguagem escorreita e directa ao assunto. Uma vez chegado à supramencionada oficina e de ter comungado do habitual cavaqueio sobre o estado de coisas do sector em que a pequena equipa trabalhava, fui surpreendido pela presença de vistosa estampa de automóvel ali estacionado, ainda mais vintage do que o meu; um estupendo exemplar dos anos 60 ou 70 que aparentava nada exibir quanto a ‘mazelas’ na sua chaparia.
De forma que dirigindo-me ao amigo da oficina de bate-chapas que mais próximo se encontrava do dito “espada” (assim o apelidaríamos na altura) e apontando para o referido vintage perguntei: “Trabalha?”
“Ahhh…”, titubeou o nosso amigo com simultâneo gesto de abandono e abano de cabeça: “Sim, trabalha; mas… não funciona!!!”
Nem mais, nem menos. É isso mesmo! ‘A morrer e a aprender’, lá diz o velho ditado. Quanto mais não haverá nos domínios da actividade humana, nesta vida descontente camoniana, a que possamos apontar o dedo, pois que na realidade: “TRABALHA, MAS…NÃO FUNCIONA?”
A arrematar, aqui ficam lavrados os nossos votos de que 2024 vos traga a todos tudo de bem e de bom
que ‘trabalhe e… funcione’ em toda a sua plenitude!…