No meu tempo, que uns acham que foi mau, e outros acharam bom, 2+2 era igual a 4.
Claro que já naquela altura, 2 mais 2 podiam ser 22, mas o sinal + teria de lá não estar; para saber isso nem era preciso ter a quarta classe, de boa memória para muitos, que apenas com ela fizeram vida, e não se sentiram infelizes.
Agora que as coisas supostamente evoluíram, já 2+2 podem não ser 4 e já é preciso ler nas entrelinhas e contar com o ajustamento do que vier a acontecer. Num mundo tão conturbado como este, ao fazer as contas, nunca se sabe qual será de facto o resultado, ou quanto terá de se pagar.
É verdade que as gerações do meu tempo eram menos ambiciosas, e muito embora o aforismo “Um amor e uma cabana” não satisfizesse a todos, muitos viveram felizes com esse pouco, que achavam muito.
Hoje a tal cabana tem de ter x divisões e y anexos. A do outro tempo podia até estar no campo sem vista para nada, mas seguramente com ar puro, respirável, ou isolada no alto dum solitário monte, sem estrada para nenhum lado. Hoje, bem sabemos que o sítio passou a ser importante, e que se puder ter a vista para o mar fica melhor na fotografia.
Esta mudança no escalão do desejo, alterou a equação; já não são 2+2, mas serão 222 + 222 , que é conta mais difícil de fazer… e seguramente de pagar.
O tempo ‘a dois’ na tal cabana do amor, era passado conversando, amando, vendo os filhos crescer, com espaço para correr, fruindo a mãe natureza.
Na cabana com mais divisões, o amor é quando o tempo der para isso, e os filhos nascem contados, porque o trabalho, e o extra que sobre ele é preciso, nem tempo deixam para respirar; e não falta o carro, que é necessário, roubando ao corpo o necessário exercício, e que tem comida própria, que não para de aumentar.
E se a quarta classe chegava para saber que 2+2 eram 4, e deixava feliz quem a tinha, hoje não é o saber que emprega, mas o diploma, que se exige para isso, o que junta mais uns números à tal conta.
E por aí fora continua a vida, com uma ou outra viagem, mesmo que seja em low cost, só para desenjoar, até deixar a tal vida, um dia, de continuar.
Deitando-lhe assim as contas, a dúvida surge e espicaça; qual das cabanas é, afinal, a mais feliz?
As crónicas servem para levar a pensar, ainda que duro seja, e mesmo em tom de brincar, dá para achar que a felicidade, está mais no 2 do que no 22.
Sendo esta a época própria para o relembrar, vos digo que pensem nisso…e sejam felizes!
Aqui fica o meu pensamento sobre o assunto:
“Bem feliz se é com pouco… e infeliz se é… com mais!”